quinta-feira, 29 de janeiro de 2009

Visão

a J. M. Eça de Queiroz

Eu vi o Amor – mas nos seus olhos baços
Nada sorria já: só fixo e lento
Morava agora ali um pensamento
De dor sem trégua e de íntimos cansaços.

Pairava, como espectro, nos espaços,
Todo envolto num nimbo pardacento…
Na atitude convulsa do tormento,
Torcia e retorcia os magros braços…

E arrancava das asas destroçadas
A uma e uma as penas maculadas,
Soltando a espaços um soluço fundo,

Soluço de ódio e raiva impenitentes…

E do fantasma as lágrimas ardentes
Caíam lentamente sobre o mundo!

Antero de Quental

quarta-feira, 28 de janeiro de 2009

Yes, We Can!... And We Must!

Janeiras

Agora que Janeiro está a chegar ao fim é que é o momento de começar.



"Cantai bichos da treva e da aparência
Na absolvição por incontinência
Cantai cantai no pino do inferno
Em Janeiro ou em Maio é sempre cedo
Cantai cardumes da guerra e da agonia
Neste areal onde não nasce o dia"

José Afonso

segunda-feira, 19 de janeiro de 2009

João Aguardela

João Aguardela libertou-se da lei da morte, porque ganhou direito à imortalidade.



A tua vida de marinheiro também passou por aqui.

As águas são agitadas, os perigos reais, o abismo atrai-nos, mas chegaremos a bom porto, porque a luta não tem fim e a vontade é escolha nossa. Até breve... Até sempre!



A 18 de Janeiro de 2009, vítima de cancro, morreu João Aguardela, compositor, letrista, vocalista e fundador dos Sitiados, completaria 40 anos em Fevereiro próximo. O seu corpo será cremado.

João Aguardela escreveu:

Os dias sem ti
São todos iguais
São dias sem brilho
São dias a mais.



Partiste, mas nós por cá continuamos sitiados.
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Apesar deste blog estar encerrado, não deixarei de dar nota de algo que me toque de um modo profundo.