sexta-feira, 31 de agosto de 2007

Momento



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Momento - Pedro Abrunhosa

Uma espécie de céu,
Um pedaço de mar,
Uma mão que doeu,
Um dia devagar.
Um Domingo perfeito,
Uma toalha no chão,
Um caminho cansado,
Um traço de avião.


Uma sombra sozinha,
Uma luz inquieta,
Um desvio na rua,
Uma voz de poeta.


Uma garrafa vazia,
Um cinzeiro apagado,
Um Hotel numa esquina,
Um sono acordado.
Um secreto adeus,
Um café a fechar,
Um aviso na porta,
Um bilhete no ar.

Uma praça aberta,
Uma rua perdida,
Uma noite encantada
Para o resto da vida.

Pedes-me um momento,
Agarras as palavras,
Escondes-te no tempo
Porque o tempo tem asas.
Levas a cidade Solta no cabelo,
Perdes-te comigo
Porque o mundo é um momento.

Uma estrada infinita,
Um anúncio discreto,
Uma curva fechada,
Um poema deserto.
Uma cidade distante,
Um vestido molhado,
Uma chuva divina,
Um desejo apertado.

Uma noite esquecida,
Uma praia qualquer,
Um suspiro escondido
Numa pele de mulher.

Um encontro em segredo,
Uma duna ancorada,
Dois corpos despidos,
Abraçados no nada.
Uma estrela cadente,
Um olhar que se afasta,
Um choro escondido
Quando um beijo não basta.

Um semáforo aberto,
Um adeus para sempre,
Uma ferida que dói,
Não por fora, por dentro.

Pedes-me um momento,
Agarras as palavras,
Escondes-te no tempo
Porque o tempo tem asas.
Levas a cidade
Solta no cabelo,
Perdes-te comigo
Porque o mundo é um momento.

Tri los Dos


domingo, 26 de agosto de 2007

sábado, 25 de agosto de 2007

Choque Frontal

Pois... foi uma grande pantufada, mas o que lá vai, lá vai.

A vida continua, mesmo que se pense que está perdida. Até mesmo quando se perde, a vida continua no, ou nos, que cá deixamos.

Aqui é que está a diferença entre a coragem e a cobardia. É com os choques frontais que a vida se esclarece.

A Vida

Em jeito de homenagem, mais ou menos desajeitada, aqui fica um texto do João Brito Sousa do Braços ao Alto:

“Cheguei ao fim dos noventa minutos do jogo vida, aquele período onde não podemos falhar ou onde devemos falhar menos e é nossa obrigação dar o melhor de nós próprios. Já estou no prolongamento. Agora é hora do balanço, não obrigatório, é certo, mas que posso optar por fazê-lo ou não. E optei sim.

Naquilo que fiz na vida, é evidente que não me arrependo de nada, mas se começasse hoje não fazia da mesma maneira, pois penso que fiz muita coisa errada ou quase tudo. Cometi erros tremendos que só agora dei por eles. Ou talvez não sejam erros assim tão significativos. Na vida tudo é relativo. A vida não veio para ficar; a vida vai-se.

Apesar de tudo e de todos os momentos menos bons que vivi no passado, não dou por mim a queixar-me deles. Não estou contente por aí além. Tenho dores como qualquer um, sofri alguma coisa e sofro. Por coisas alheias à minha vontade e tenho a certeza a que não interferi em nada para piorar as coisas.

Gosto da palavra vida e do que ela encerra de misterioso talvez. E penso que a vida é um mistério e dos grandes. Tantas são as asneiras que se fazem e conseguimos subsistir. É verdade que são muitas e que mais tarde pagaremos a factura como resultado dessas asneiras todas.

Resta da vida uma única coisa boa: os amigos e, como consequência disso, a família, se os laços criados na relação forem laços de amizade. Às vezes não existem esses laços. São inimigos como irmãos, costuma dizer-se. Os interesses criados não são compatíveis com a ambição de cada um. Surge a agressão. A vida tem graça e piada até se for levada com calma e com consideração uns pelos outros. E é pena que acabe tão depressa..

Nunca estipulei nenhum estilo de vida. Vivi a vida. Com regras umas vezes outras vezes sem elas. Casei-me aos vinte e seis anos talvez porque os outros o fizeram também. Senti talvez a mesma necessidade do que eles. A vida é a dois porque a sós não temos a noção total dos problemas que ela contem. A vida tem problemas que às vezes são grandes e de difícil resolução. Mas em princípio tudo se resolve. Bem ou mal. Resolver mal também é resolver o problema. Resolver aqui quer dizer que ele deve deixar de existir."

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O meu comentário:

Obrigado João por esta lição de vida, mesmo que não concorde contigo quando dizes que resolver mal também é uma forma de resolver os problemas, porque quando se resolve mal, o problema pode aparentemente desaparecer, porque fugimos dele, mas inevitavelmente surgem outros problemas ou então agrava-se o prolema inicial. Para mim a resolução dos problemas passa sempre, tem de passar, pelo diálogo. Quando o diálogo não existe temos um comportamento de avestruz, escondemo-nos do problema, mas ele continuo ali, bem perto de nós, apenas fechamos os olhos, ou olhamos para o lado, mas o problema continua a existir ou até mesmo a agravar-se.

Quanto ao arrependimento, também não me arrependo de nada, mas tento aprender com os erros. Não me arrependo porque não posso voltar atrás para corrigir, mas tento sempre transformar-me numa pessoa melhor para não cometer os mesmos erros e isso também é uma forma de arrependimento, porque é uma tomada de consciência.

Infelizmente muitos de nós só aprendemos com a dor e o sofrimento. Pergunto-me porquê? Se não fosse assim todos seriamos mais felizes, porque saberiamos dar a resposta certa no momento certo. Mas, como é evidente, não somos perfeitos, mas também não podemos ter medo de errar. Quando o medo está sempre presente a vida torna-se insuportável e perdemos a capacidade de amar. Vivemos angustiados.

Viver a vida com frontalidade e autenticidade, com os sentimentos à flor da pele, mas fundamentalmente com amor. Com amor pelos outros, com amor pela Natureza, com amor por nós próprios, com amor pela vida, mas fundamentalmente com amor pelo, ou pela, companheira do nosso caminho sem unilateralismos, mas com reciprocidade.

Viver a vida é amar e ser amado, aprender a ceder sem abdicar dos princípios, é dar e receber. Em resumo é estar nas coisas de corpo inteiro e não estar constantemente a racionalizar.

Quando há amor devemos fazer das falhas um caminho para o consolidar e não o contrário. De outra forma não podemos dizer que amamos, se o dissermos estamos a trairmo-nos e a trair os outros, consciente ou inconscientemente.

Sem querer acabei por extrapolar o conteúdo do teu texto, peço desculpa pelo abuso. Um abraço.

Spiritwolf

domingo, 19 de agosto de 2007

Sempre para Sempre



Sempre para Sempre - Donna Maria


Há amor amigo
Amor rebelde
Amor antigo
Amor da pele

Há amor tão longe
Amor distante
Amor de olhos
Amor de amante

Há amor de Inverno
Amor de Verão
Amor que rouba
Como um ladrão

Há amor passageiro
Amor não amado
Amor que aparece
Amor descartado

Há amor despido
Amor ausente
Amor de corpo
E sangue, bem quente

Há amor adulto
Amor pensado
Amor sem insulto
Mas nunca, nunca tocado

Há amor secreto
De cheiro intenso
Amor tão próximo
Amor de incenso

Há amor que mata
Amor que mente
Amor que nada, mas nada
Te faz contente, me faz contente

Há amor tão fraco
Amor não assumido
Amor de quarto
Que faz sentido

Há amor eterno
Sem nunca, talvez
Amor tão certo
Que acaba de vez

Há amor de certezas
Que não trará dor
Amor que afinal
amor,
Sem amor
O amor é tudo,
Tudo isto
E nada disto
Para tanta gente
acabar de maneira igual
E recomecar
Um amor diferente
Sempre, para sempre
Para sempre

sexta-feira, 17 de agosto de 2007

Apesar de Você



Apesar de Você - Chico Buarque


Hoje você é quem manda
Falou, tá falado
Não tem discussão
A minha gente hoje anda
Falando de lado
E olhando pro chão, viu
Você que inventou este tema
Que inventou de inventar
Toda a escuridão
Você que inventou o pecado
Esqueceu-se de inventar
O perdão
Apesar de você
Amanhã há de ser
Outro dia
Eu pergunto a você
Onde vai se esconder
Da enorme euforia
Como vai proibir
Quando o galo insistir
Em cantar
Água nova brotando
E a gente se amando
Sem parar
Quando chegar o momento
Esse meu sofrimento
Vou cobrar com juros, juro
Todo esse amor reprimido
Esse grito contido
Este samba no escuro
Você que inventou a tristeza
Ora, tenha fineza
De desinventar
Você vai pagar e é dobrado
Cada lágrima rolada
Nesse meu penar
Apesar de você
Amanhã há de ser
Outro dia
Inda pago pra ver
O jardim florescer
Qual você não queria
Você vai se amargar
Vendo o dia raiar
Sem lhe pedir licença
E eu vou morrer de rir
Que esse dia há de vir
Antes do que você pensa
Apesar de você
Amanhã há de ser
Outro dia
Você vai ter que ver
A manhã renascer
E esbanjar poesia
Como vai se explicar
Vendo o céu clarear
De repente, impunemente
Como vai abafar
Nosso coro a cantar
Na sua frente
Apesar de você
Amanhã há de ser
Outro dia
Você vai se dar mal
Etc. e tal

quinta-feira, 16 de agosto de 2007

A Mentira

Desculpa João, mas não consegui resistir a copiar este excelente texto sobre a mentira, da autoria de Pascoaes, que está no teu blog. É um alerta que merece muita reflexão.

Mais grave que mentir aos outros é mentir a nós próprios. Hoje vive-se sobre o culto da mentira e da superficialidade, é por isso que alertas como este continuam a ser uma pedrada no charco desta sociedade egoísta e egocêntrica. Combater a mentira é fundamental.

Aqui fica o texto de Teixeira de Pascoaes:


"A MENTIRA É A BASE DA CIVILIZAÇÃO MODERNA"
Teixeira de Pascoaes em “A Saudade e o Saudosismo”


"É na faculdade de mentir, que caracteriza a maior parte dos homens actuais, que se baseia a civilização moderna. Ela firma-se, como tão claramente demonstrou Nordau, na mentira religiosa, na mentira política, na mentira económica, na mentira matrimonial, etc... A mentira formou este ser, único em todo o Universo: o homem antipático.

Actualmente, a mentira chama-se utilitarismo, ordem social, senso prático; disfarçou-se nestes nomes, julgando assim passar incógnita. A máscara deu-lhe prestígio, tornando-a misteriosa, e portanto, respeitada. De forma que a mentira, como ordem social, pode praticar impunemente, todos os assassinatos; como utilitarismo, todos os roubos; como senso prático, todas as tolices e loucuras.

A mentira reina sobre o mundo! Quase todos os homens são súbditos desta omnipotente Majestade. Derrubá-la do trono; arrancar-lhe das mãos o ceptro ensanguentado, é a obra bendita que o Povo, virgem de corpo e alma, vai realizando dia a dia, sob a direcção dos grandes mestres de obras, que se chamam Jesus, Buda, Pascal, Spartacus, Voltaire, Rousseau, Hugo, Zola, Tolstoi, Reclus, Bakounine, etc. etc.

E os operários que têm trabalhado na obra da Justiça e do Bem, foram os párias da Índia, os escravos de Roma, os miseráveis do bairro de Santo António, os Gavroches, e os moujiks da Rússia nos tempos de hoje. Porque é que só a gente sincera, inculta e bárbara sabe realizar a obra que o génio anuncia? Que intimidade existirá entre Jesus e os rudes pescadores da Galileia? Entre S. Paulo e os escravos de Roma? Entre Danton e os famintos do bairro de Santo António? Entre os párias e Buda? Entre Tolstoi e os selvagens moujiks? A enxada será irmã da pena? A fome de pão parecer-se-á com a fome de luz?."...

terça-feira, 14 de agosto de 2007

Caixa de Surpresas

A vida é uma caixa de surpresas.

Não corras atrás de nada. Não cries expectativas em relação a coisa nenhuma. Não te deixes angustiar pelo que desejas e parece inatingível.

Expurga os teus fantasmas. Não fujas ao confronto. Enriquece-te na discordância. Transforma a dialéctica e o amor nas tuas principais armas de busca da felicidade.

Hesita se tiveres de hesitar, mas não fujas do que sentes.

Não estejas sempre a pesar os prós e os contras. Segue os teus sentimentos e emoções.

Viver não é só racionalizar. Encontrar lógica na vida ou racionalizá-la em excesso só te traz a infelicidade. Não tenhas medo de viver e de falhar. Não te mascares. Não te isoles. Aceita os outros como são, mostra-lhes os caminhos mas não cries demasiadas expectativas. Não é com a imposição dos teus valores que os vais fazer mudar. Não deixes o Mundo ruir à tua volta.

Mantém a serenidade e sabe esperar, o que tiver de acontecer acontecerá e encontrarás sempre novos caminhos sem repisar os passados.

Lambe as tuas feridas.

Muda se tiveres de mudar, mas não vivas em função da mudança. Se erraste volta a mudar. Muda quantas vezes for preciso. Busca a felicidade.

Mantém sempre a tua autenticidade. Luta por valores. Acredita no amanhã que será sempre melhor do que o ontem. Vive o dia-a-dia com o prazer de te reencontrares e de novas descobertas, nem que essas sejam as que menos esperas e aches que já não há nada para descobrir.

Combate a tristeza, reaprende a sorrir. Procura transformar o impossível em possível. Combate os preconceitos. Sê tolerante. Aprende a ouvir.

Luta por ti. Não vires a cara à tua felicidade. Acredita nas tuas capacidades. Eleva a tua auto-estima.

O amanhã será sempre melhor do que o ontem ou o hoje.

Não desperdices a tua vida, não tens outra e o mundo não é perfeito. Aprende a lidar com a imperfeição e tenta melhorá-la, não lhe vires as costas, porque tu também não és perfeito.

Luta, mas luta serenamente, sem pressa de chegar à meta. Luta, porque a vida é uma caixa de surpresas.

sexta-feira, 3 de agosto de 2007

Fiat 500 de 1957



FIAT 500 de 1957 descapotável recuperado ao pormenor.
Fantástico!



Aceitam-se ofertas.

Quem estiver interessado pode enviar a sua proposta para karmenoz@gmail.com, se o proprietário aceitar alguma proposta contactará o interessado.