sexta-feira, 24 de dezembro de 2010

Postais de Natal

Aplauso para a originalidade e criatividade do Cândido Pereira e os seus postais de Natal especialmente dedicados aos professores, mas não só.

Parabéns também para os seus cães e gatos pela participação especial.

Para ver os postais é favor clicar aqui

É Natal?



É Natal! Dizem!


A ilusão,o consumismo e a hipocrisia fazem parelha com a época que vivemos, mas para mim que sou ateu e portanto esta, como tantas outras festas têm um único pretexto, juntar família e amigos e reflectir sobre as agruras que se aproximam, debater e encontrar saídas para a luta renhida que é a nossa vida.

Onde está o Natal? Onde está o natal dos que sofrem em silêncio? Onde está o natal das vozes caladas pelo capitalismo, pelos senhores do Mundo?

Porque continuamos a acreditar no Pai Natal da mesma forma que acreditamos num qualquer salvador que aparecerá numa tal manhã de nevoeiro?

Porque não começamos a acreditar em nós próprios e na nossa capacidade de transformar o Mundo, de conseguirmos a felicidade na terra, através da solidariedade e não da caridade?

Sem hipocrisia e sem falsa modéstia a capacidade de mudar, de transformar, está dentro de nós próprios, por isso não desperdicemos o que temos de melhor.

Deixo-vos aqui um maravilhoso poema de António Gedeão e uma música de Zeca Afonso pelo Natal dos que não têm Natal:

Dia de Natal

Hoje é dia de era bom.
É dia de passar a mão pelo rosto das crianças,
de falar e de ouvir com mavioso tom,
de abraçar toda a gente e de oferecer lembranças.

É dia de pensar nos outros— coitadinhos— nos que padecem,
de lhes darmos coragem para poderem continuar a aceitar a sua miséria,
de perdoar aos nossos inimigos, mesmo aos que não merecem,
de meditar sobre a nossa existência, tão efémera e tão séria.

Comove tanta fraternidade universal.
É só abrir o rádio e logo um coro de anjos,
como se de anjos fosse,
numa toada doce,
de violas e banjos,
Entoa gravemente um hino ao Criador.
E mal se extinguem os clamores plangentes,
a voz do locutor
anuncia o melhor dos detergentes.

De novo a melopeia inunda a Terra e o Céu
e as vozes crescem num fervor patético.
(Vossa Excelência verificou a hora exacta em que o Menino Jesus nasceu?
Não seja estúpido! Compre imediatamente um relógio de pulso antimagnético.)

Torna-se difícil caminhar nas preciosas ruas.
Toda a gente se acotovela, se multiplica em gestos, esfuziante.
Todos participam nas alegrias dos outros como se fossem suas
e fazem adeuses enluvados aos bons amigos que passam mais distante.

Nas lojas, na luxúria das montras e dos escaparates,
com subtis requintes de bom gosto e de engenhosa dinâmica,
cintilam, sob o intenso fluxo de milhares de quilovates,
as belas coisas inúteis de plástico, de metal, de vidro e de cerâmica.

Os olhos acorrem, num alvoroço liquefeito,
ao chamamento voluptuoso dos brilhos e das cores.
É como se tudo aquilo nos dissesse directamente respeito,
como se o Céu olhasse para nós e nos cobrisse de bênçãos e favores.

A Oratória de Bach embruxa a atmosfera do arruamento.
Adivinha-se uma roupagem diáfana a desembrulhar-se no ar.
E a gente, mesmo sem querer, entra no estabelecimento
e compra— louvado seja o Senhor!— o que nunca tinha pensado comprado.

Mas a maior felicidade é a da gente pequena.
Naquela véspera santa
a sua comoção é tanta, tanta, tanta,
que nem dorme serena.

Cada menino
abre um olhinho
na noite incerta
para ver se a aurora
já está desperta.
De manhãzinha,
salta da cama,
corre à cozinha
mesmo em pijama.

Ah!!!!!!!!!!

Na branda macieza
da matutina luz
aguarda-o a surpresa
do Menino Jesus.

Jesus
o doce Jesus,
o mesmo que nasceu na manjedoura,
veio pôr no sapatinho
do Pedrinho
uma metralhadora.

Que alegria
reinou naquela casa em todo o santo dia!
O Pedrinho, estrategicamente escondido atrás das portas,
fuzilava tudo com devastadoras rajadas
e obrigava as criadas
a caírem no chão como se fossem mortas:
Tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá.

Já está!

E fazia-as erguer para de novo matá-las.
E até mesmo a mamã e o sisudo papá
fingiam
que caíam
crivados de balas.

Dia de Confraternização Universal,
Dia de Amor, de Paz, de Felicidade,
de Sonhos e Venturas.
É dia de Natal.
Paz na Terra aos Homens de Boa Vontade.
Glória a Deus nas Alturas.

Natal dos Simples

sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

Parabéns Mãe!


Hoje fazes anos.

Que saudades que eu tenho do teu aconchego, do teu colo, de me sentir pequenino e envolvido pelo teu amor.

Que saudades tenho das noites em que me adormecias enquanto me contavas ou lias as histórias do "Menino da Mata e o seu Cão Piloto" ou ainda "O Suave Milagre", e tantas, tantas outras histórias que moldaram a minha personalidade, os meus valores, o meu desejo de voar e de ser livre.

Obrigado Mãe!

Parabéns Mãe!

segunda-feira, 29 de novembro de 2010

segunda-feira, 8 de novembro de 2010

sábado, 30 de outubro de 2010

Absurdo


Quando um filho se zanga com o pai o que faz a mãe?
Apoia o filho na zanga contra o pai, porque pai só há um, a mãe!

terça-feira, 26 de outubro de 2010

BASTA!


Estamos fartos de aturar políticos corruptos!
Estamos fartos de aturar o nepotismos dos governantes!
Estamos fartos dos cozinhados dos partidos do Governo!
Estamos fartos de pagar os erros dos outros!
estamos fartos!!!

Recentemente, e em época de crise, cuja responsabilidade cabe aos políticos que têm desgovernado este país, os trabalhadores e entidade patronal da Autoeuropa negociaram e aprovaram um plano de viabilização da empresa em que ficou garantido, para os próximos dois anos, um aumento salarial de 3,9%, a manutenção dos postos de trabalho e a contratação de mais trabalhadores. em contrapartida os operários da Autoeuropa acordaram em flexibilizar os seus horários de trabalho.

Quando as pessoas se sentam para negociar as soluções acontecem. Agora digam-me lá para que precisamos nós de governos?

Nós, os cidadãos, temos meios legais e pacíficos para combater o desgoverno da partidocracia. Basta que surja um movimento que dê significado ao voto em branco ou, em alternativa, que nos recusemos a votar nos partidos que têm desgovernado Portugal nas últimas décadas.

Está nas nossas mão usar a nossa revolta para afastar de vez este bando de oportunistas que se governam a eles e desgovernam o país.

quinta-feira, 21 de outubro de 2010

Greve Geral - 24 de Novembro de 2010


Para quê uma Greve Geral marcada para 24 de Novembro?

Porquê marcar uma Greve um mês depois do Orçamento aprovado e dois meses depois de cozinhado pelo PS e pelo PSD?

Estão a brincar connosco!

Claro que no dia 24 de Novembro estarei em greve, mas não compreendo os timings dos sindicatos. De que adiantam as trancas à porta depois da casa roubada?

Ponham os olhos em França.

segunda-feira, 18 de outubro de 2010

O Povo Resolve!


Deixemo-nos de conversas fiadas, sem garantia de pagamento, aquilo que os governantes parecem não ser capazes de resolver, o nosso povo, se correctamente mobilizado, resolve.

Que a história recorde o exemplo de coesão Solidária da Nação Portuguesa .

Para tudo poder salvar, inclusive a LIBERDADE, é necessário:


a) um forte e concreto exemplo dado pelas nossas elites sociais, económicas e políticas, de que estão dispostas a contribuir na proporção dos seus rendimentos para a constituição do “FUNDO NACIONAL de sustentação da Independência”

b) face a esse exemplo, uma adesão maciça de todos nós a uma campanha solidária e voluntária de contribuição para o mesmo fundo (é sabido que os portugueses são mais solidários por acto voluntário que por obrigações fiscais impostas).

Fundo a ser controlado, por um grupo de pessoas escolhidas por escrutínio directo, segundo proposta metodológica do Presidente da República.

Sem a satisfação da primeira condição, as outras são impossíveis, e aí, ai de nós todos, mas também das elites políticas de hoje.

O poder arbitrário da espada espreita!…

A ceifeira de vidas e liberdades chamada “desordem” está sendo oleada, mesmo por aqueles que serão sem dúvida as suas primeiras vítimas!...


Camilo Mortágua

quarta-feira, 29 de setembro de 2010

Senilidade Precoce

Este homem é a maior piada do Universo, é urgente que a SIC lhe faça um teste de alcoolemia antes de lhe colocar um microfone à frente da cloaca.

Não basta querer ser polémico para se conseguir sê-lo, é preciso que haja algum substrato intelectual para o alcançar.

Este MST não passa de um arrogante elitista que fala de cátedra do que não sabe.



PS(d): Sou professor, mas não sou filiado em qualquer sindicato, sou cidadão, mas não milito em qualquer partido político.

quarta-feira, 22 de setembro de 2010

Coisas que parecem importantes

O País vive angustiado e suspenso do fenómeno futebulês.

Quem é que não está a par das idiotices do Madail e do Queiroz, do mau começo do Benfica, clube que "devolveu" ao Sporting a Taça de Portugal recebida, penso que conquistada há dois anos, graças a um erro grosseiro de arbitragem, mas que agora reclama constantemente os erros dessa arbitragem, que até os houve, para justificar o mau início de época, quando o próprio treinador, com uma visão aguda e inteligente sobre a planificação uma época de futebol afirma, com ar sério, que a equipa ainda está em pré-época.

Sai Queiroz, entra Queiroz, vem Mourinho passar 10 dias de férias a Portugal ou fica a passar essas mesmas férias em Espanha, Madail continua com ar seráfico como se nada fosse com ele, como se não tivesse qualquer responsabilidade. No rescaldo é escolhido como novo Seleccionador Nacional Paulo Bento, com tranquilidade.

O País pode descansar, o nosso futuro está garantido, pois agora estão criadas todas as condições para ultrapassarmos a crise. Já se nota o sorriso de orelha a orelha no rostos dos portugueses mais cépticos.

Paulo Bento vai ficar barato para a FPF, vem ganhar metade do que ganhava Queiroz, isto é, 70.000 mil euros por mês, repito 70.000 euros por mês, para quê, para ensinar uns mancos a dar uns pontapés na bola, bom ainda se fosse para ensinar uns cegos a combater a crise aonda se poderia aceitar.

Quantos anos necessita o português médio para ganhar o que Paulo Bento, com toda a tranquilidade, vai embolsar num mês? Ninguém se questiona? Está tudo bem? A culpa não é do homem tranquilo, mas de quem faz passar para os portugueses que isto é algo de fundamental para a sua sobrevivência, para o progresso do País.

Como futebol e política tocam a mesma partitura aqui vai mais uma farpa.

Recebi um email em que era afirmado que o poeta candidato a PR vai receber uma reforma por uns meses que trabalhou na RDP entre 1974 e 1975 de mais de 3.000 euros/mês.

Diz o poeta que nem se lembra dessa reforma mas que continuou a fazer descontos. Descontos? Sobre que vencimento?

Não sei qual a veracidade desse email, se alguém souber que o diga, pois também, no mesmo email, era argumentado, de forma reaccionária, fazendo um apelo dramático aos Portugueses, que o candidato tinha sido daqueles que tinha fugido à Guerra Colonial, o que não é verdade, infelizmente digo, porque se todos tivessem recusado participar naquele famigerado conflito tinham-se evitado muitos erros. É fácil criticar o que aconteceu, mais difícil é ter a lucidez de ver o que teria acontecido se a descolonização tivesse sido feita a tempo.

Seja como for o poeta deverá, na minha opinião e em nome da ética, esclarecer este assunto e recusar esta reforma, caso a notícia seja verdadeira.

Quando não tomamos as decisões no tempo certo nunca se tomam as decisões de modo acertado, até porque tantas coisas se acumularam que dificilmente existe discernimento para o fazer como deve ser e, à posteriori, não há mais capacidade nem entendimento para corrigir o mal que foi feito.

O mal menor nunca funciona na vida.

terça-feira, 21 de setembro de 2010

Recomeça...

Se puderes
Sem angústia
E sem pressa.
E os passos que deres,
Nesse caminho duro
Do futuro
Dá-os em liberdade.
Enquanto não alcances
Não descanses.
De nenhum fruto queiras só metade.

E, nunca saciado,
Vai colhendo ilusões sucessivas no pomar.
Sempre a sonhar e vendo
O logro da aventura.
És homem, não te esqueças!
Só é tua a loucura
Onde, com lucidez, te reconheças...

Miguel Torga

quarta-feira, 8 de setembro de 2010

Perguntas a mim próprio

Quem sou eu? Para onde vou? Quantas verdades existem dentro de mim?

Sou um tipo capaz, sou alguém que se entrega, que ama, que gosta de ser amado. Sou também um pouco preguiçoso, de tal forma que essa preguiça algumas vezes se mistura com desleixo. Sou também um pouco distraído, de tal forma que a minha distracção pode parecer, por vezes, ausência. Sou alguém com muitas virtudes, mas também com muitos defeitos. Sou uma constante encruzilhada de mim próprio.

Sei por onde não vou e cada vez mais começo a perceber para onde quero ir. Sei o caminho que tenho de percorrer para a minha felicidade, a qual é a minha maior e única ambição. Sei as vezes sem conta em que desperdicei a sorte, que não soube fazer opções correctas, que me perdi por optar pelo que aparentemente era mais simples, quando era apenas um caminho sem retrocesso. No meio de todos os caminhos falhados ou perdidos também tenho tido alguma sorte em encontrar a possibilidade de começar algo novo. É neste ponto que me encontro, a dar passos, trilhando um novo caminho, o meu caminho, aquele com que sempre sonhei e que tantas vezes desperdicei ou rejeitei. É este o caminho que vou trilhar, aquele que sempre esteve dentro de mim.

Só existe uma verdade em mim, a da autenticidade, tudo o resto não passou de uma mentira que julguei ser verdade. Não, não culpo ninguém, apenas a mim próprio por não saber optar ou por me recusar a fazer escolhas esperando que o dia seguinte trouxesse respostas. Mas agora sei onde está, qual é o meu caminho e a minha verdade.

Sei o que sou, sei para onde vou e conheço a minha verdade, portanto saberei resistir e contornar tudo aquilo que me desviar do meu rumo. Mesmo que uma ou outra vez dê algum sinal de fraqueza, seguirei sempre em frente, porque o amor é a maior riqueza que tenho e nada faz sentido sem ele. Não, não vou criar um personagem, vou viver com autenticidade, por mim, pelo meu amor.

terça-feira, 7 de setembro de 2010

Aos políticos politiqueiros

Só há uma caminho a seguir: DESOBEDIÊNCIA CIVIL!

Está na hora de mostrarmos a nossa indignação, não adianta lutar contra muros, mas também não podemos esperar que eles caiam, por isso o caminho é um único: DESOBEDIÊNCIA CIVIL!

sexta-feira, 3 de setembro de 2010

Justiça


Este blog está solidário com as vítimas abusadas sexualmente por um grupo de energúmenos do "Jet Set" português.

Não posso falar de coragem, porque fazer justiça é o dever de qualquer tribunal, mas louvo a decisão pois esta é sinal de que a partir de hoje algo está a mudar em Portugal.

Os arguidos já não estão a ser acusados em praça pública, pois apesar do arrastamento do processo, finalmente o tribunal colocou um fim a este absurdo e prolongado caso, penalizando os criminosos pelos crimes que agora todos sabemos que cometeram.

Falta agora que haja a mesma vontade de mudança levando até ao fim as acusações que são feitas aos políticos.

NOTA: Fiquei estupefacto ao ver criminosos, pois é disso que se trata porque não fizemos nenhum julgamento na praça pública, mas sim em resultado de uma decisão judicial, mas dizia fiquei estupefacto ao ver condenados a uma pena de prisão efectiva a sair calmamente pelo seu pé, sendo que um deles até se deu ao luxo de anunciar uma conferência de imprensa.

quarta-feira, 1 de setembro de 2010

Lúcia


Estava envolvido pelo breu da noite, num sítio ermo, no alto de uma montanha numa noite de Lua Nova, quando soube da notícia.

E sorri, porque sei que era o que querias.

Deitei-me no chão e fiquei longos minutos a observar o firmamento.

Durante aquele tempo estrelas sumiram e outras apareceram num ciclo que se repete até ao infinito. Todas elas voavam em torno de um minúsculo foco de luz, que nos orienta e nos mostra o caminho quando estamos sós.

Por um breve instante, pareceu-me ver que todas as estrelas se juntavam num enorme sorriso que, partilhado com o meu, me deu um enorme aconchego. Naquele momento, sentimo-nos livres. Livres das amarras que nos prendem a este Mundo. E neste instante, as estrelas abriram os seus longos braços e, no brilho dos teus olhos, dancei.

Agora sei que não partiste, apenas foste dar uma volta e, em todas as próximas noites de Lua Nova, sempre que olhar o céu, vou ver o teu sorriso e as minhas forças irão redobrar, para continuar a galgar este obstáculo chamado VIDA, sempre com um sorriso nos lábios, pois foi esta a lição que me ensinaste, aliás que a todos ensinaste.

Lúcia, todos nós que privámos contigo, não te recordamos só com saudade, mas com uma imensa ALEGRIA, porque é o que tu és e o que partilhaste com todos nós.

Tu não partiste amiga, ficaste dentro de nós!

domingo, 29 de agosto de 2010

DOMINGO "BOU" À BOLA

Acabei de descobrir um artigo que publiquei a 15 de Fevereiro de 2004 num blog que tinha na altura: "A Besta Humana".

Como a realidade não se alterou, bem pelo contrário, este artigo continua actual, por isso deixo-o aqui para reavivar a memória.

Como é habitual nos dias em que o Porto vai fora fazer jogos importantes, juntamos um grupo de amigos e vamos ver o jogo a casa de um de nós. É uma daquelas reuniões de alienação, ou talvez melhor, de terapia de grupo. Embora a maioria seja portista (grupo no qual me incluo), também há benfiquistas, sportinguistas, boavisteiros e até vimaranenses e ainda aqueles que se estão a marimbar para o futebol e para qualquer clube (estes normalmente quando o jogo termina nem costumam saber o resultado).

Duas ou três horas antes do jogo começamos a chegar, cada qual com a sua multa. Uns chouricitos, um naco de presunto, uns franguitos (isto nos jogos de futebol dá sempre jeito), uns camarõezitos, umas cervejolas, uns whiskizitos, uns sumitos (pois é verdade, também há aqueles que por opção não bebem álcool) e mais aquilo que a imaginação de cada um ditar.

Estamos todos reunidos. Começam os primeiros disparates, as primeiras previsões, os primeiros comentários à semana futebolesa. Tudo no mais puro e vernáculo futebolês.

Começa o jogo. Sentamo-nos todos (ou quase) em frente do ecrã, primeiro em silêncio, mas logo surgem as primeiras provocações. Culpamos os dirigentes, os treinadores, os árbitros, os jogadores, os comentadores, o estádio, o relvado e até, em ocasiões especiais, a bola. Entretanto os que não ligam ao futebol sentam-se de maneira que lhes permita admirar as nossas reacções.

O hooliganismo aumenta praticamente na mesma proporção em que aumenta a idade de cada um. Há sempre um ou dois que deambula pela casa com uma garrafa de cerveja numa mão e uma coxa de frango na outra e que, de vez em quando, regressa à sala para provocar aqueles que no momento estão mais preocupados com o desenrolar dos acontecimentos.

Chega o intervalo para retemperar forças e logo voltar ao jogo.

Repetem-se as cenas da primeira parte. Aqueles para quem o desenrolar do jogo é perfeitamente indiferente tentam arranjar maneira de chamar a atenção dos outros, mas acabam por desistir e lá bebem mais uma cervejola.

O jogo acaba. Estamos todos exaustos, como se tivéssemos jogado. Faz-se o comentário do jogo e criticam-se as decisões tomadas ou as atitudes deste ou daquele.

Atacamos na mesa e, de repente acordamos do jogo e voltamos à realidade. Já ninguém quer saber do jogo. O jogo já passou. Voltamos à vida real. Aos impostos que temos de pagar, aos aumentos que muitos de nós já não recebem pelo segundo ano, à degradação das condições de trabalho, à prestação da casa que é preciso pagar, às férias que não vamos poder fazer, à prepotência do Governo, à situação internacional preocupante, etc.

O jogo, seja qual for o resultado, foi apenas um jogo, que nos ajudou a esquecer momentaneamente as nossas frustrações e preocupações, mas que rapidamente retomam o seu verdadeiro lugar na vida real. O futebol, apesar de muitos tentarem, já não é somente alienação, mas pode (e deve) ser um momento de sublimação que nos transporta para a realidade tão depressa como nos transportou para fora dela.

Está na hora de cada um regressar a casa. Independentemente do resultado do jogo e das cores clubísticas, cimentamos ainda mais a nossa amizade e cumplicidade. O jogo foi simplesmente um jogo, nada mais, e amanhã aí estaremos todos do mesmo lado da barricada a enfrentar a dura realidade da vida.

Não Quero

Magnífico texto de Mário Quintana. Ler e reflectir.

Não quero alguém que morra de amor por mim...
Só preciso de alguém que viva por mim, que queira estar junto de mim, me abraçando.

Não exijo que esse alguém me ame como eu o amo, quero apenas que me ame, não me importando com que intensidade.

Não tenho a pretensão de que todas as pessoas que gosto, gostem de mim...
Nem que eu faça a falta que elas me fazem, o importante pra mim é saber que eu, em algum momento, fui insubstituível...
E que esse momento será inesquecível...
Só quero que meu sentimento seja valorizado.

Quero sempre poder ter um sorriso estampando meu rosto, mesmo quando a situação não for muito alegre...E que esse meu sorriso consiga transmitir paz para os que estiverem ao meu redor.

Quero poder fechar meus olhos e imaginar alguém... e poder ter a absoluta certeza de que esse alguém também pensa em mim quando fecha os olhos, que faço falta quando não estou por perto.

Queria ter a certeza de que apesar de minhas renúncias e loucuras, alguém me valoriza pelo que sou, não pelo que tenho...
Que me veja como um ser humano completo, que abusa demais dos bons sentimentos que a vida lhe
proporciona, que dê valor ao que realmente importa, que é meu sentimento... e não brinque com ele.
E que esse alguém me peça para que eu nunca mude, para que eu nunca cresça, para que eu seja sempre eu mesmo.

Não quero brigar com o mundo, mas se um dia isso acontecer, quero ter forças suficientes para mostrar a ele que o amor existe...
Que ele é superior ao ódio e ao rancor, e que não existe vitória sem humildade e paz.

Quero poder acreditar que mesmo se hoje eu fracassar, amanhã será outro dia, e se eu não desistir dos meus sonhos e propósitos,talvez obterei êxito e serei plenamente feliz.

Que eu nunca deixe minha esperança ser abalada por palavras pessimistas...
Que a esperança nunca me pareça um "não" que a gente teima em maquiá-lo de verde e entendê-lo como "sim".

Quero poder ter a liberdade de dizer o que sinto a uma pessoa, de poder dizer a alguém o quanto é especial e importante para mim, sem ter de me preocupar com terceiros...
Sem correr o risco de ferir uma ou mais pessoas com esse sentimento.

Quero, um dia, poder dizer às pessoas que nada foi em vão... que o amor existe, que vale a pena se doar às amizades a às pessoas, que a vida é bela sim, e que eu sempre dei o melhor de mim... e que valeu a pena!!!

Mário Quintana

sexta-feira, 30 de julho de 2010

Quando fui outro...



Recebi recentemente de presente de aniversário, uma antologia de Fernando Pessoa realizada pelo romancista brasileiro Luiz Rufatto e prefaciada por Inês Pedrosa, cuja edição é da Alfaguara (1ª edição: Julho de 2010).

Esta nova abordagem de Pessoa agradou-me e sensibilizou-me.

Estou ainda nas primeiras leituras, mas não resisti a partilhar convosco algumas das sensações que esta original antologia me está a proporcionar.

Tanto quanto sei, é a primeira vez que alguém aborda Fernando Pessoa como um todo uno e não um Fernando Pessoa esquartejado em múltiplas personalidades como se ele não fosse uno, como se não fosse humano, como se Pessoa não tivesse consciência disso mesmo.

Tal como a mais ínfima partícula, também o pensamento é indivisível.

De facto Pessoa é antes de mais um filósofo, tal como, e muito bem, diz Inês Pedrosa, que alia, na maior das belas artes, ciência, ficção, história e poesia.

Fernando Pessoa é o Tudo, o Todo e o Nada em si mesmo. É caótico, sincrético, complexo e simples. Fernando Pessoa é, foi, como qualquer ser humano pensante, uma amálgama de emoções, sensações e pensamentos, com a convicção de que uma obra nunca está acabada.

O que é que vale mais? A realidade ou o sonho? Será que uma existe sem a o outro e/ou vice-versa?

Não há respostas, porque se houvesse a obra tinha acabado e a obra só acaba quando morre, a obra, não os arquitectos.

Por cada descoberta que se faz surgem milhões de novas interrogações, por isso não temos de ter medo de errar, nem de seguir em frente, mas também não devemos ter a arrogância intelectual de dominar os acontecimentos, de ser donos da verdade, porque a verdade nos escapa sempre, porque existe a verdade construída e a verdade verdadeira e esta está sempre a fugir-nos.

Somos humanos e queremos sempre mais, queremos sempre ir mais longe, em busca do infinito.

Para reflexão e também como motivação para lerem este livro, deixo-vos aqui um pequeno excerto de um texto do próprio Pessoa:

[...] Uma única coisa suscita dez mil pensamentos, e desses dez mil pensamentos surgem dez mil interacções, e não tenho força de vontade para os eliminar ou deter, nem para os reunir num só pensamento central, onde os seus detalhes sem importância, mas a eles associados, possam perder-se. Passam dentro de mim; não são pensamentos meus, mas pensamentos que passam dentro de. Não reflicto, sonho; não estou inspirado, deliro. [...]

Termino tal como as últimas palavras escritas por Pessoa:

Não sei o que trará o amanhã.

António Feio

A melhor homenagem que podemos prestar a António Feio é continuar a lutar por viver a vida com paixão e amor, viver cada momento e torná-lo único.



Obrigado António!

segunda-feira, 5 de julho de 2010

A "Lucidez" de MÁRIO SOARES


"Tudo o que aqui relato é verdade. Se quiserem, podem processar-me.

Eis parte do enigma. Mário Soares, num dos momentos de lucidez que ainda vai tendo, veio chamar a atenção do Governo, na última semana, para a voz da rua.

A lucidez, uma das suas maiores qualidades durante uma longa carreira politica. A lucidez que lhe permitiu escapar à PIDE e passar um bom par de anos, num exílio dourado, em hotéis de luxo de Paris.

A lucidez que lhe permitiu conduzir da forma "brilhante" que se viu o processo de descolonização.

A lucidez que lhe permitiu conseguir que os Estados Unidos financiassem o PS durante os primeiros anos da Democracia.

A lucidez que o fez meter o socialismo na gaveta durante a sua experiência governativa.

A lucidez que lhe permitiu tratar da forma despudorada amigos como Jaime Serra, Salgado Zenha, Manuel Alegre e tantos outros.

A lucidez que lhe permitiu governar sem ler os "dossiers"...

A lucidez que lhe permitiu não voltar a ser primeiro-ministro depois de tão fantástico desempenho no cargo.

A lucidez que lhe permitiu pôr-se a jeito para ser agredido na Marinha Grande e, dessa forma, vitimizar-se aos olhos da opinião pública e vencer as eleições presidenciais.

A lucidez que lhe permitiu, após a vitória nessas eleições, fundar um grupo empresarial, a Emaudio, com "testas de ferro" no comando e um conjunto de negócios obscuros que envolveram grandes magnatas internacionais.

A lucidez que lhe permitiu utilizar a Emaudio para financiar a sua segunda campanha presidencial.

A lucidez que lhe permitiu nomear para Governador de Macau Carlos Melancia, um dos homens da Emaudio.

A lucidez que lhe permitiu passar incólume ao caso Emaudio e ao caso Aeroporto de Macau e, ao mesmo tempo, dar os primeiros passos para uma Fundação na sua fase pós-presidencial.

A lucidez que lhe permitiu ler o livro de Rui Mateus, "Contos Proibidos", que contava tudo sobre a Emaudio, e ter a sorte de esse mesmo livro, depois de esgotado, jamais voltar a ser publicado.

A lucidez que lhe permitiu passar incólume as "ligações perigosas" com Angola, ligações essas que quase lhe roubaram o filho no célebre acidente de avião na Jamba (avião esse transportando de diamantes, no dizer do então Ministro da Comunicação Social de Angola).

A lucidez que lhe permitiu, durante a sua passagem por Belém, visitar 57 países ("record" absoluto para a Espanha - 24 vezes - e França - 21), num total equivalente a 22 voltas ao mundo (mais de 992 mil quilómetros).

A lucidez que lhe permitiu visitar as Seychelles, esse território de grande importância estratégica para Portugal, aproveitando para dar uma voltinha de tartaruga.

A lucidez que lhe permitiu, no final destas viagens, levar para a Casa-Museu João Soares uma grande parte dos valiosos presentes oferecidos oficialmente ao Presidente da Republica Portuguesa.

A lucidez que lhe permitiu guardar esses presentes numa caixa-forte blindada daquela Casa, em vez de os guardar no Museu da Presidência da República.

A lucidez que lhe permite, ainda hoje, ter 24 horas por dia de vigilância paga pelo Estado nas suas casas de Nafarros, Vau e Campo Grande.

A lucidez que lhe permitiu, abandonada a Presidência da Republica, constituir a Fundação Mário Soares. Uma fundação de Direito privado, que, vivendo à custa de subsídios do Estado, tem apenas como única função visível ser depósito de documentos valiosos de Mário Soares. Os
mesmos que, se são valiosos, deviam estar na Torre do Tombo.

A lucidez que lhe permitiu construir o edifício-sede da Fundação violando o PDM de Lisboa, segundo um relatório do IGAT, que decretou a nulidade da licença de obras.

A lucidez que lhe permitiu conseguir que o processo das velhas construções que ali existiam e que se encontrava no Arquivo Municipal fosse requisitado pelo filho e que acabasse por desaparecer
convenientemente num incêndio dos Paços do Concelho.

A lucidez que lhe permitiu receber do Estado, ao longo dos últimos anos, donativos e subsídios superiores a um milhão de contos.

A lucidez que lhe permitiu receber, entre os vários subsídios, um de quinhentos mil contos, do Governo Guterres, para a criação de um auditório, uma biblioteca e um arquivo num edifico cedido pela Câmara de Lisboa.

A lucidez que lhe permitiu receber, entre 1995 e 2005, uma subvenção anual da Câmara Municipal de Lisboa, na qual o seu filho era Vereador e Presidente.

A lucidez que lhe permitiu que o Estado lhe arrendasse e lhe pagasse um gabinete, a que tinha direito como ex-presidente da República, na.... Fundação Mário Soares.

A lucidez que lhe permite que, ainda hoje, a Fundação Mário Soares receba quase 4 mil euros mensais da Câmara Municipal de Leiria.

A lucidez que lhe permitiu fazer obras no Colégio Moderno, propriedade da família, sem licença municipal, numa altura em que o Presidente era... João Soares.

A lucidez que lhe permitiu silenciar, através de pressões sobre o director do "Público", José Manuel Fernandes, a investigação jornalística que José António Cerejo começara a publicar sobre o tema.

A lucidez que lhe permitiu candidatar-se a Presidente do Parlamento Europeu e chamar dona de casa, durante a campanha, à vencedora Nicole Fontaine.

A lucidez que lhe permitiu considerar José Sócrates "o pior do guterrismo" e ignorar hoje em dia tal frase como se nada fosse.

A lucidez que lhe permitiu passar por cima de um amigo, Manuel Alegre, para concorrer às eleições presidenciais mais uma vez.

A lucidez que lhe permitiu, então, fazer mais um frete ao Partido Socialista.

A lucidez que lhe permitiu ler os artigos "O Polvo" de Joaquim Vieira na "Grande Reportagem", baseados no livro de Rui Mateus, e assistir, logo a seguir, ao despedimento do jornalista e ao fim da revista.

A lucidez que lhe permitiu passar incólume depois de apelar ao voto no filho, em pleno dia de eleições, nas últimas Autárquicas.

No final de uma vida de lucidez, o que resta a Mário Soares? Resta um punhado de momentos em que a lucidez vem e vai. Vem e vai. Vem e vai.

Vai.... e não volta mais."

terça-feira, 29 de junho de 2010

Pobrezinhos, mas Felizes


A imprensa escrita e falada portuguesa tem dado notícia de estudos recentes sobre o nível de vida dos Portugueses. Estes estudos concluem que os Portugueses estão cada vez mais pobres, sendo que uma percentagem elevada de portugueses está abaixo do limiar de pobreza mas, apesar do dramatismo da situação, acham-se felizes.

Mais do que ser pobre o que ressalta deste estudo é a indignidade da pobreza de espírito dos Portugueses.

É caso para dizer que esta é uma óptima notícia para... os ricos.

segunda-feira, 21 de junho de 2010

SARAMAGO vs CAVACO



Vergonha!

A vergonha é um sentimento nobre, é o sentimento dos homens com H grande. Vergonha é o sentimento que os sem vergonha não podem, evidentemente, ter.

Cavaco mostrou mais uma vez a sua pequenez, quer como pessoa, quer sobretudo como homem de Estado.

Ainda todos nos lembramos da arrogância intelectual quando, há anos atrás, afirmou que nunca se engana e raramente tem dúvidas. Como homem pode afirmar todas as idiotices que lhe vierem à cabeça, mas como homem de Estado deve pensar duas vezes antes de fazer tais comentários.

Cavaco é um tecnocrata inculto, mas como Presidente da República Portuguesa, como Presidente de todos os Portugueses e com a idade que tem, já devia ter percebido que um Presidente da República não pode colocar as suas convicções pessoais à frente do seu dever como homem de Estado.

Cavaco, o homem, podia não gostar de Saramago, é algo de pessoal, mas como Presidente da República ele não representa o cidadão Cavaco Silva, mas o Estado Português, isto é, todos os Portugueses.

Como mais alto representante do Estado Português, Cavaco não podia ignorar a grandeza, nem as fraquezas, desse vulto da cultura Nacional e Internacional que foi, é, José Saramago.

Saramago foi uma personagem polémica, até na hora da sua morte, pois até na morte soube trazer à tona toda a mediocridade dos homens medíocres, Cavaco e não só.

Cavaco, tal como o seu ex-ministro Lara, mostraram bem a pequenez dos politiqueiros portugueses, tal como no passado um tal Dantas, glosado e ridicularizado por Almada Negreiros.

Pegando no Manifesto anti-Dantas, apenas posso afirmar:


Morra o Cavaco! Morra! Pim!

sexta-feira, 18 de junho de 2010

Pega ladrão!...

Ao Futuro, em jeito de homenagem a José Saramago



O capitalismo usa a economia para nos subjugar, usa a economia para para nos fazer crer que não há outra saída.

O capitalismo usa a educação para nos formatar e nos transformar em homens e mulheres obedientes ou sem opinião.

O capitalismo usa a mentira para nos fazer crer da sua inevitabilidade.

O capitalismo usa os políticos, os seus rostos as suas imagens para nos convencer de uma Humanidade que não têm.

O capitalismo chantagea-nos com um modelo de democracia que cria a ilusão de liberdade, mas a liberdade que esta democracia nos dá é unicamente a que dará lucros ao capitalismo.

Levantemo-nos do chão e, sem Deus, nem Pátria, nem Estado, gritemos a nossa revolta.

Não acredito quando Marx dizia que o capitalismo se destruiria a si próprio, isso é como esperar sentado, pois está nas nossas mãos, e só nas nossas mão, quebrar a corrente da ditadura capitalista mascarada de pseudo-democracia.

O futuro não está no capitalismo, o futuro está em mim, em ti, no amor, na tolerância e na Natureza.

E só o Norte é que paga as SCUT's

CLICAR NAS IMAGENS PARA AMPLIAR E TER UMA VISÃO PERFEITA









Continuem a dar-lhe nas vuvuzelas, continuem a dar-lhe no pop chula, continuem a dar-lhe no papa, continuem a dar-lhe no mundial de futebol, continuem a pagar 800 euros por dia a uns gajos que dão uns chutos na bola, continuem, meus lind@s, continuem entretid@s, que eles pensam em tudo.

Quando acordarem já será tarde!

segunda-feira, 14 de junho de 2010

Arquitecto de Sonhos



O sonho é uma luz que se abre no breu da nossa existência quando nos sentimos perdidos nas malhas que tecemos e nas armadilhas que nos montam, quando já não acreditamos que é possível sonhar, mas sonhamos.

O sonha busca-se, constrói-se, não acontece por acaso. Somos nós e a nossa existência, as nossas circunstâncias, que fornece a matéria-prima para a construção do sonho, o sonho de ser feliz.

O sonho não se explica, vive-se e, passo a passo, vamos colocando-o mais longe e mais alto e procuramos sempre alcançá-lo, colocando aqui um pouco mais de amor, um pouco mais de liberdade, mas sempre com o duplo objectivo de o procurar e, ao mesmo tempo, dificultar que se transforme em realidade, porque, paradoxo dos paradoxos, contradição das contradições, quanto mais o vivemos mais ele parece real sem nunca o deixarmos ser.

O sonho é o grande desafio da vida.

O sonho vive-se sem medos nem angústias, o sonho fica sempre ali, naquele lugar que buscamos.

O sonho é o nosso porto de abrigo, é o mundo que construímos dia-a-dia.

O sonho é viver um amor com paixão, agarrá-lo sem o agarrar, sentir a atracção que nos levará sempre para um sonho ainda maior.

O sonho é a liberdade de saber que podemos lá chegar sem nunca chegar, porque queremos sempre mais, porque acreditamos que também podemos dar sempre mais.

QUANDO NOS SENTIMOS FELIZES, A FELICIDADE ACONTECE!

Não às SCUTS!



Estamos fartos de ser manipulados, por isso está na hora de acordar.

Não podemos tolerar mais ser calados por sucessivos Governos que esbanjam os dinheiros públicos construindo obras megalómanas e desnecessárias, que enchem os bolsos dos seus apaniguados com reformas milionárias e mordomias típicas do nepotismo.

Não podemos continuar a demonstrar o nosso descontentamento em conversas de mesa de café, é preciso agir.

Chegou a hora de dizer basta!

Não te limites a discordar e esperar que alguém encontre a solução por ti.

REVOLTA-TE!

Recusa a compra do chip e/ou a actualização da via verde para o pagamento das SCUTS!

Se todos aderirmos a esta campanha o Estado não terá forma de nos cobrar as multas, pois o volume de infracções irá entupir por completo o sistema de cobranças.

Sente o sabor da liberdade! Sente o sabor de demonstrares a tua indignação com consequências!

REVOLTA-TE!!!

ADERE AQUI A ESTA CAUSA

quarta-feira, 26 de maio de 2010

sábado, 1 de maio de 2010

1º DE MAIO

Anarquismo
O 1º de Maio não é uma festa, nem uma romaria, mas também já não é um dia dedicado a uma manifestação institucional, um protesto ou uma exibição.

O 1º de Maio não pode continuar a ser a outra face da mesma moeda.

O 1º de Maio tem de ser uma jornada de luta que se deverá prolongar por todos os outros dias, uma tomada de consciência e, cada vez mais, um dia de acção, quer a nível nacional, quer a nível internacional.

quarta-feira, 21 de abril de 2010

D. Sebastião e o Adamastor

O REGRESSO DE D. SEBASTIÃO

Quem está de fora...racha lenha? Desculpem lá mas eu não me sinto "de fora" e está demasiado frio por cá para que me possa entregar ao exercício, "só para aquecer".

Vamos lá com alguma calma e descontracção analisar este apologético entusiasmo em torno da surpreendente (será?) candidatura à Presidência da República Portuguesa do Dr. Fernando Nobre.

Que me perdoem todos quantos possam discordar, mas estou a ficar com a impressão de estar a presenciar um acto de prestidigitação . De repente, alguém descobriu o Messias salvador da Pátria, aquele que, sem mácula nem mentiras, saberá sacrificar-se para remissão dos nossos pecados! Bem sei, nós portugueses, ainda não conseguimos libertar-nos da esperança do regresso de D. Sebastião e estamos sempre predispostos, como povo, a aceitar espontaneamente, de coração aberto, a primeira aparição milagrosa que nos surja pela frente, sem deixar que a razão interfira no nosso entusiasmo messiânico.

Que um cidadão molde o seu percurso de vida pela ambição de chegar à magistratura suprema do seu País, é uma atitude legítima que em nada diminui o carácter e a honradez de quem a toma, sempre e quando, o acto seja frontalmente assumido, sem disfarces e falsas motivações, apenas e tão só por estar a exercer um direito próprio, sem pretender com essa acção "potenciar / virtualizar / privilegiar / qualificar" o seu direito, em relação ao direito de outros, e sempre e quando tal atitude não seja, ou evidencie ser, instrumentalizada ao serviço de terceiros, para fins que nada têm a ver com os interesses do País. Estes aspectos éticos, tornam-se muito mais significativos, quando a pessoa em questão pretenda retirar da ética da sua imagem a mais-valia da sua oferta, pretenda recorrer às virtudes da sua ética e da sua moral humanista e solidária, como garantia da excelência da sua prestação futura.

Neste caso, o Dr. Fernando Nobre, pretende fundamentar, justificar, engalanar a excelência da sua futura prestação, adiantando principalmente os seguintes argumentos:

a) apresenta-se por imperativo de consciência, livre de compromissos partidários, em nome da valorização do exercício da cidadania e da representação da sociedade civil despartidarizada.

b) apresenta-se pela possível comprovação de que a democracia não se pode nem deve esgotar nos partidos políticos e que, por isso, o protagonismo adquirido pela prática de outras actividades cívicas de alto valor humanitário, deve ser considerado mais meritório que o dos políticos profissionais.

Acreditar, ou não, nestes argumentos; julgá-los verdadeiros, pertinentes, credíveis e suficientes, ou não, é tarefa reservada ao mais íntimo de cada eleitor. Porém, analisá-los à luz do percurso de vida do protagonista para neles poder introduzir alguma fiabilidade baseada em sinais capazes de confirmar a coerência do que agora é afirmado, parece-nos uma atitude razoável para quem pretenda exercer o seu direito de voto com um mínimo de ponderação dos diferentes factores caracteriais e dos possíveis interesses em jogo.

Julgo saber, que existe no nosso povo, de forma transversal e generalizada, a tendência para louvar toda e qualquer xico-espertice, desde que o entorse à ética ou ao direito seja feito com suficiente grau de fingimento e de cobertura legal. Quando tal acontece, estamos sempre prontos a perdoar o delito e a enaltecer a inteligência do delinquente.

Nestas situações, as afirmações e argumentações de cada interessado, não são, infelizmente, susceptíveis de comprovações factuais incontestáveis e definitivas. O antigo ditador Oliveira Salazar, confrontado com esta dificuldade, optou por tentar ultrapassá-la afirmando: - “em política o que parece é“ isto dito por tão experiente manipulador da opinião pública e da história, é capaz de ter algum fundamento.

É por isso que, fazendo fé naquilo que parece, e como parte desinteressadamente interessada na candidatura de Manuel Alegre, entendo ser útil, a título de simples exercício criativo e ficcional, contar-vos uma história que, se a minha capacidade narrativa não fosse tão limitada, poderia proporcionar uma interessante peça de teatro mais ou menos burlesco, em três actos, que teria por título:

A RESSURREIÇÃO DO VELHO ADAMASTOR!

Num primeiro acto apareceria um personagem parecido com o velho adamastor mas de ar bonacheirão e pensativo, preocupado. Debruçado sobre as águas do lago do campo grande, a interrogar o baço espelho d’água, espantado por aí ver reflectida, não a sua imagem, mas a do “mostrengo de breu de cor de rosa vestido pilotando a grande nave da democracia”: - some-te mostrengo… voltei sim… e de novo ao leme deste barco que é só meu… some-te… ó nave de piratas e falsários, e tu… que me olhas altaneiro, bem te conheço o disfarce do vate tenebroso que a minha prometida glória roubou, cantando por todo o reino ser melhor do que eu, some-te ó trovador dos novos tempos que ousas querer chegar onde só eu devo mandar… desaparece fantasma atormentador dos meus sonhos… hei-de reincarnar para de novo te fazer naufragar… maldita a hora em que te aceitei como tripulante deste barco onde ao leme sou mais do que eu… sou o Pai da democracia deste povo que é só meu… - levanta-se transfigurado e em êxtase proclama… obrigado meu Deus… obrigado… valeu a pena passar por esta alucinação… obrigado pelos teus sinais, pela tua iluminação, encarnarei em quem me dizes… isso faz acabar o meu pesadelo, a minha fome de vingança irá juntar-se à sua vontade de comer… vamos acabar com estes desobedientes aprendizes de políticos profissionais que já me julgavam morto… o Albuquerque do socorro à desgraça, vai ser capaz de calar, até os ventos que passam. Ah… Ah… Ah…

No segundo acto, sentados num banco da praça do império, suficientemente retirado e em voz discreta por causa das escutas, quase em sussurro de orelha a orelha, aparecem o Pai da Democracia Portuguesa à conversa com um nobre travestido de plebeu.

Diz o Pai da democracia: é a sua grande oportunidade meu amigo, já é tempo de capitalizar esse seu protagonismo adquirido fora da política, essa sua imagem de cidadão solidário e humanista, ajudada pelo meu total apoio e dos meus amigos dentro e fora do partido são suficientes para levá-lo à vitória e arrumar de vez com as pretensões desse passarão de mau agoiro do Alegre…

O Nobre travestido de plebeu: vai ser difícil, sem apoios partidários nem meios financeiros o combate é de resultado incerto… veja o que lhe sucedeu da última vez…

O Pai da democracia: não receie meu caro amigo… do outra vez o homem do leme abusou da minha boa fé. Depois de ter prometido casamento ao outro veio namorar comigo e enganou-me, mas agora a sua imagem e juventude são outras, a seu tempo os meios financeiros vão aparecer e estou certo que poderá contar com o apoio não explícito duma grande parte do partido e de todos os outros partidos com quem estabeleceu ligações e que sem a sua candidatura votariam no insolente versejador.

O Nobre travestido de plebeu: mas está certo de poder contar com o apoio do Sá Crotes?

O Pai da democracia: não se aflija meu amigo, com esse ninguém pode contar antes da hora, flutua… flutua, e o mais certo é que venha a fingir que sai fora da contenda, mas não se oporá aos nossos desígnios que até podem muito bem convergir para manter tudo como está… depois da primeira batalha trataremos da segunda, aconselha a prudência a travar uma batalha de cada vez, mas, mesmo nesse caso, pense que vale a pena aproveitar a ocasião como rampa de lançamento para voos futuros e limpar o campo dos nossos inimigos, anime-se homem…

Olhe aí vêm os meus amigos da comunicação social… já sabe… a decisão é sua… eu vou saindo ali por detrás daquela sebe e aproveito para visitar e tranquilizar ali o meu amigo do palácio em frente, não… não, não se incomode, embora saiba que também é da casa, eu também a conheço bem… esteja tranquilo e vá-se a eles que vamos arrasar com esses aprendizes de políticos… Ah…Ah…Ah…

O terceiro acto começaria junto ao monumento aos navegantes, focando o Tejo e a outra banda operária como pano de fundo, com a imensa esplanada apinhada de adeptos da sociedade civil despartidarizada empunhando cartazes em favor da cidadania apartidária. Junto ao mastro da bandeira que ladeia o monumento estaria uma pequena maca coberta por um pano branco com uma cruz vermelha pintada, tendo por baixo a palavra AMIM.

De repente, uma lufada de vento vinda das agitadas águas do Tejo galga o paredão, gera-se o pânico e o Nobre candidato desata a correr esplanada fora em direcção ao palácio presidencial: com o Pai da Democracia em grande aflição a correr atrás dele seguido por uma multidão civil apartidária que grita… não é nada… não é nada… não há nenhuma emergência, não precisa de pedir aviões nem navios... já passou, foi só o barulho do vento que passa!...

Camilo Mortágua

Carta Aberta ao Primeiro dos Ministros

Senhor Primeiro dos Ministros :

Eu, Mariana Pão Mole, tia do Francisco Mau Modo, mas bom falador, rapaz cá da terra que muito estimamos mesmo quando usa o santo nome da nossa aldeia em vão, profundamente aziada com a acusação que publicamente me fez, menos pela palavra, que essa é verdadeira, do que pela associação indevida e tauromáquica que lhe é feita, não porque eles me pesem mas pela calúnia ao meu querido defunto, não me pude conter e aqui estou ditando para o meu mais novo este testemunho que lhe quero mandar, certinha das palavras que aqui lhe mando não representarem apenas a minha incontida amargura e incompreensão, mas a da maioria absoluta cá da Aldeia.

Senhor Primeiro dos Ministros, sua graça, que vai sendo pouca, perdeu o juízo, anda por aí alguém a dar-lhe maus conselhos ou deu-lhe agora prós copos?

Então para além de pretender insultar-me por ser tia do Francisco, agora ameaça-nos de vender os Correios para arranjar uns cobres para dar a esse que dizem que Mexia aí nas coisas da electricidade!!! Deus nos livre… arre demónio… que fiquei logo a pensar na desgraçada história da minha amiga Maria Cola. Sabe senhor primeiro, as histórias das pessoas simples, às vezes, digam lá o que disserem, valem mais que muitos cursos para doutores, como de resto sua graça deve saber.

Na esperança de que ainda possa reconsiderar dessa malfadada ideia de nos vender os correios, não resisto a contar-lhe a história triste da minha querida ama Maria Cola, natural de Cabo Verde, mas trazida cá para a Aldeia pela Mãe, mulher para todo o serviço do agrário Fernandes, que por lá tinha umas propriedades.

A Maria Cola por cá cresceu ao serviço de meus pais até encontrar o conterrâneo com quem casou e que a levou lá para detrás dos montes, para uma Aldeia de brava gente mas muito isolada, no alto duma Serra de que já não me lembro o nome.

O marido, recém chegado do seu Cabo Verde natal, para resolver os tremendos problemas causados pelo isolamento, sobretudo a falta de água e de noticias da terra, resolveu comprar um burrinho e ensiná-lo a descer até ao fontanário da vila mais próxima, onde alguém sempre lhe enchia os cântaros, que o burrinho, ao fim de algum tempo, trazia, mais certinho que o romper da manhã, para as necessidades da família.

O dito, para além da água, transportava serra acima, num saquinho de plástico pendurado ao pescoço, cartas, notícias e outras encomendas. A chegada do burrinho era o momento mais alegre do dia.

Passado algum tempo, com a vida a dar para o torto, o marido da Maria Cola começou a afogar as consequências das crises nuns copitos duns licores caseiros, perdeu muita da capacidade que tinha para governar a família e decidiu, meio nublado pelos vapores dos álcoois, vender o burrinho!!!

Foi o fim da família… Sem o burrinho nada chegava lá a casa… A Maria Cola não teve outro remédio se não pegar nos cachopos e abandonar aquelas paragens… Andou por aí um par de anos aos trambolhões da vida, mas, cabo-verdiana de gema, rogou pragas à porca da vida e foi em frente até conseguir voltar para a sua terra, lá nos confins da chã do norte de Santo Antão assentou poiso e comprou dois “burrinhos-carteiros” para aí refazer a vida!

Sua graça percebeu?... Não venda os nossos burrinhos, (salvo seja) se não temos que nos ir embora, e as nossas Aldeias ficam mais desertas do que estão…

É isso que quer, continuar a esvaziar Portugal?... Vá de retro!

Mariana Pão Mole
Viúva do Inácio Pão Mole
Aldeia de São Mansos
Évora - Alentejo
Ao cuidado do meu mais novo:
Camilo Mortágua
Apartado 12
7920 ALVITO

Camilo Mortágua

A Escola Real de Hoje


Só quem está no ensino percebe a dimensão do problema. Vejam (ou leiam) isto!
________________________________________
PARTICIPAÇÃO DISCIPLINAR MUITO GRAVE:

Professora agredida: Leonídia Marinho Grupo Disciplinar: 10º B – Filosofia
Agressor: ********

Contextualização: Dia vinte e seis de Março de 2010. Último dia de aulas. Às 14 horas dirigi-me à sala 15 no Pavilhão A para dar a aula de Área de Integração à turma 10º DG do Curso Profissional de Design Gráfico. Propus aos alunos a ida à exposição no Polivalente e à Feira do Livro, actividades a decorrer no âmbito dos dias da ESE. A grande maioria dos elementos da turma concordou, com excepção de três ou quatro elementos que queriam permanecer dentro da sala de aula sozinhos. Deixar que os alunos fiquem sozinhos na sala de aula sem a presença do professor é algo que não está previsto no Regulamento Interno da Escola pelo que, perante a resistência dos alunos que não manifestavam qualquer interesse nas actividades supracitadas decidi que ficaríamos todos na sala com a seguinte tarefa: cada aluno deveria produzir um texto subordinado ao tema “A socialização” o qual me deveria ser entregue no final da aula. Será preciso dizer qual a reacção dos alunos? Apenas poderei afirmar que os alunos desta turma resistem sempre pela negativa a qualquer trabalho porque a escola é, na sua perspectiva, um espaço de divertimento mais do que um espaço de trabalho. Digamos que é uma Escola a fingir onde TUDO É PERMITIDO!

É muito fácil não ter problemas com os alunos. Basta concordar com eles e obedecer aos seus caprichos. Esta não é, para mim, uma solução apaziguadora do meu estado de espírito. Antes pelo contrário. A seriedade é uma bússola que sempre me orientou mas tenho que confessar, não raras vezes, sinto imensas dificuldades em estimular o apetite pelo saber a alunos que têm por este um desprezo absoluto. As generalizações são abusivas. Neste caso, não se trata de uma generalização abusiva mas de uma verdade inquestionável. Permitam-me um desabafo: os Cursos Profissionais são o maior embuste da actual Política Educativa. Acabar com estes cursos? Não me parece a solução. Alterem-se as regras.

Factos ocorridos na sala de aula:


Primeiro Facto:
Dei início à aula não sem antes solicitar aos alunos que se acomodassem nos seus lugares. Todos o fizeram exceptuando o aluno ***********, que fez questão de se sentar em cima da mesa com a intenção manifesta de boicotar a aula e de desafiar a autoridade da professora.

Dei ordem ao aluno para que se sentasse devidamente e este fez questão de que eu o olhasse com atenção para verificar que ele, ***********, já estava efectivamente sentado e ainda que eu não concordasse com a sua forma peculiar de se sentar no contexto de sala de aula, seria assim que ele continuaria: sentado em cima da mesa. Por três vezes insisti para que o aluno se acomodasse correctamente e por três vezes o aluno resistiu a esta ordem.

Reacção da maioria dos elementos da turma: Risada geral.

Reacção do aluno *********:
Olhar de agradecimento dirigido aos colegas porque afinal a sua “ousadia” foi reconhecida e aplaudida.
Reacção da professora:
sensação de impotência e quebra súbita da auto-estima. Senti este primeiro momento de desautorização como uma forma que o aluno, instalado na sua arrogância, encontrou de me tentar humilhar para não se sentir humilhado.

Como diria Gandhi, “O que mais me impressiona nos fracos, é que eles precisam de humilhar os outros, para se sentirem fortes…”

Saliento que neste primeiro momento da aula a humilhação não me atingiu a alma embora essa fosse manifestamente a intenção do aluno.

Segundo Facto: Dei ordem de expulsão da sala de aula ao aluno **********, com falta disciplinar. O aluno recusou sair da sala e manteve-se sentado em cima da mesa com uma postura de “herói” que nenhum professor tem o direito de derrubar sob pena de ter que assumir as consequências físicas que a imposição da sua autoridade poderá acarretar.

Nem sempre um professor age ou reage da forma mais correcta quando é confrontado com situações de indisciplina na sala de aula. Deveria eu saber fazê-lo? Talvez! Afinal, a normalização da indisciplina é um facto que ninguém poderá negar. Deveria ter chamado o Director da Escola para expulsar o aluno da sala de aula? Talvez…mas não o fiz. Tenho a certeza de que se tivesse sido essa a minha opção a minha fragilidade ficaria mais exposta e doravante a minha autoridade ficaria arruinada.


Dirigi-me ao aluno e conduzi-o eu própria, pelo braço, até à porta para que abandonasse a sala. O aluno afastou-me com violência e fez questão de se despedir de uma forma tremendamente singular: colocou os seus dedos na boca e em jeito de despedida absolutamente desprezível, atirou-me um beijo que fez questão de me acertar na face com a palma da mão. Dito de uma forma muito simples e SEM VERGONHA: Fui vítima de agressão. Pela primeira vez em aproximadamente vinte anos de serviço.

Intensidade Física da agressão: Média (sem marcas).

Intensidade Psicológica e Moral da agressão: Muito Forte.

Reacção dos alunos: Riso Nervoso.
Reacção do aluno **********: Ódio visível no olhar.
Reacção da professora: Humilhação.

Ainda que eu saiba que a humilhação é fruto da arrogância e que os arrogantes nada mais são do que pessoas com complexos de inferioridade que usam a humilhação para não serem humilhados, o que eu senti no momento da agressão foi uma espécie de visita tão incómoda quanto desesperante. Acreditem: a visita da humilhação não é nada agradável e só quem já a sentiu na alma pode compreender a minha linguagem.

Terceiro Facto: O aluno preparava-se para fugir da sala depois de me ter agredido e, conforme o Regulamento Interno determina, todos os alunos que são expulsos da sala de aula terão que ser conduzidos até ao GAAF, Gabinete de Apoio ao Aluno e à Família. Para o efeito, chamei, sem êxito, a funcionária do Pavilhão A, que não me conseguiu ouvir por se encontrar no rés-do-chão. Enquanto tal, não larguei o aluno para que ele não fugisse da escola (embora lhe fosse difícil fazê-lo porque os portões da escola estão fechados).

Mais uma vez, o aluno agrediu-me, desta vez, com maior violência, sacudindo-me os braços para se libertar e depois de conseguir o seu objectivo, começou a imitar os movimentos típicos de um pugilista para me intimidar. Esta situação ocorreu já fora da sala de aula, no corredor do último piso do Pavilhão A.

Reacção dos alunos (que entretanto saíram da sala para assistir à cena lamentável de humilhação de uma professora no exercício das suas funções): Risada geral.
Reacção do aluno ********: Entregou-se à funcionária que entretanto se apercebeu da ocorrência.
Reacção da Professora: Revolta e Dor contidas que só o olhar de um aluno mais atento ou mais sensível conseguiria descodificar. Porque, acreditem: dei a aula no tempo que me restou com uma máscara de coragem que só caiu quando a aula terminou e sem que nenhum aluno se apercebesse. Entretanto, a funcionária bateu à porta para me informar que o aluno queria entrar na aula para me pedir desculpa pelo seu comportamento “exemplar”.

Diz-se que um pedido de desculpas engrandece as partes: quem o pede e quem o aceita. Não aceitei este pedido por considerar que, fazendo-o, estaria a pactuar com um sistema em que os professores são constantemente diabolizados, desprestigiados e ameaçados na sua integridade física e moral. Em última análise, a liberdade não se aliena. O aluno escolheu o seu comportamento. O aluno deverá assumir as consequências do comportamento que escolheu e deverá responder por ele. É preciso PUNIR quem deve ser punido. E punir em conformidade com a gravidade de cada situação. A situação relatada é muito grave e deverá ser punida severamente. Sou suspeita por estar a propor uma pena severa? Não! Estou simplesmente a pedir que se faça justiça.


Vamos ser sérios. Vamos ser solidários. Vamos lutar por uma Escola Decente.

Ps: Este caso já foi participado na Polícia e seguirá para Tribunal.

Ermesinde, 30 de Março de 2010