domingo, 23 de dezembro de 2012

Memorial Palma Inácio

Maqueta do Memorial Palma Inácio
da autoria do escultor portuense
Joaquim Álvares de Sousa


PROJECTO MEMORIAL PALMA INÁCIO

Comissão Operacional Promotora:

Armando Coelho (Comandante)
Camilo Mortágua
Maria Elisabete Neves
Mario Rietsch Monteiro

Autoria: escultor Joaquim Álvares de Sousa
Localização: Largo Soares dos Reis (Porto)
Inauguração: Prevista para 2013

Farão ainda parte da Comissão de Honra alguns companheiros ligados ao Palma e à fundação da LUAR, os quais serão brevemente contactados e pedida a autorização de divulgação dos seus nomes.

Neste momento o maior desafio à concretização deste projecto concentra-se na recolha de fundos junto de antigos companheiros e amigos de Palma Inácio, estamos em crer que, até em época de crise, seremos capazes, com a ajuda de todos, de recolher os fundos necessários para a sua concretização.

Memorial Palma Inácio no Facebook


Memorial Palma Inácio

domingo, 9 de dezembro de 2012

UMA AULA DE HISTÓRIA?



Nas minhas aulas uso, com alguma frequência, o recurso à metáfora e, para tal, utilizo a sala de aula, objetos vários e os próprios alunos.

Interrogo-me muitas vezes de qual seria o resultado se, após terminar a aula, pedisse aos meus alunos que me fizessem um breve resumo sobre a matéria leccionada. Por minha culpa, não por culpa dos alunos, imagino que esse resumo seria algo de estranho e absurdo.

Assim, no final de uma aula sobre a I Guerra Mundial, acho que o resumo dos alunos seria algo deste género:

Bem professor, partindo do princípio que a Europa é a fila do meio, aquela em que a Eugénia está à frente; a América a da esquerda, dominada pela Amélia; a África a da direita, onde se destaca a Alfredina. A França é a Francisca, a Inglaterra a Isabel, os EUA o Américo, a Rússia a Rute, a Alemanha o Almeida, a Áustria-Hungria a Augusta e a Itália a Irene, então a aula foi assim:

A Francisca, a Isabel e o Almeida, suspiravam por fazer da Alfredina o seu quintal e então foram para lá e retalharam tudo quanto podiam, no entanto outros também queriam um pouco dos terrenos da bela e sensual Alfredina. Como ninguém se entendia, resolveram fazer uma conferência internacional na pastelaria Berlim, ali para os lados do Almeida, onde todos se reuniram, incluindo o Paulo (Portugal) e a Belmira (Bélgica), além de outros. Aqui acordaram com que pedacinho de terra ia ficar cada um, não se importando minimamente com o que aconteceria aos milhões de seres que viviam na Alfredina.

Durante anos andaram a sorrir uns para os outros, mas nas costas fabricavam cada vez mais fisgas, setas, pistolas, barcos, etc. Na Eugénia vivia-se um clima de ódio latente, cada dirigente queria ter mais força do que o vizinho, queria mais fábricas e mais matérias-primas, assim como mais gente para comprar o que faziam.

Um dia, em 1914, o barão Francisco Fernando, que tinha sido prometido em casamento à Augusta, foi visitar o Sérgio (Sérvia), onde apanhou com um balázio e foi desta para melhor, tendo o casamento sido anulado.

Triste e zangada a Augusta declarou guerra ao Sérgio, logo a amiga e amante do Sérgio, a Rute, declarou guerra à Augusta.

 Desataram todos à trolha. Os amigos juntaram-se e declararam guerra aos amigos dos outros. Iniciou-se a grande barafunda. Todos pensaram que seria uma questão de dias e tudo ficaria resolvido rapidamente. A verdade é que a quantidade de fisgas, pistolas, setas e outros utensílios de destruição era tão grande, de parte a parte, que rapidamente se entrou num impasse, por outro lado os generais de ambos os lados eram velhos e não tinham percebido que com o material bélico de que dispunham, não poderiam continuar a combater como faziam no século passado (século XIX). 

O resultado foi que tiveram necessidade de construir largos milhares de buracos ao longo das respectivas fronteiras e os soldados passaram a viver e a combater nesses buracos. Durante três anos, os homens combateram como ratos, enquanto os generais faziam experiências, tal como os cientistas fazem com as cobaias nos laboratórios.

Nas trincheiras os soldados viviam aos milhares, nas povoações próximas da frente de batalha as populações civis também. A I Guerra Mundial foi a primeira em que o número de mortos civis foi superior à de soldados.

Em 1917 a Rute contraiu uma forte dor de barriga e teve e abandonar a guerra para cuidar da sua própria saúde. No Atlântico, os cargueiros que o Américo enviava para a Isabel e para a Francisca eram afundados pelos submarinos do Almeida. Um dia um paquete que realizava uma viagem entre as terras do Américo e da Eugénia foi afundado por um submarino do Almeida. Indignado o presidente Américo declarou guerra ao Almeida. Demorou cerca de um ano a colocar as suas tropas na Eugénia, mas quando cá chegaram, bem armadas e treinadas, colocaram um rápido fim à guerra.

O Almeida, triste, teve de assumir todos os estragos provocados pela guerra e pagar a todos os vencedores pesadas indemnizações.

A guerra acabou, mas a semente de uma nova guerra foi lançada à terra em Versalhes.

domingo, 2 de dezembro de 2012

METRALHAS E MADAME MIM

Em tempos houve uma tal Maga Patalógica (Ferreira Leite) que afirmou que este país só podia ser governável se se suspendesse a democracia pelo menos por seis meses. Estupefactos, os portugueses não quiseram acreditar. Daí para cá a Maga Patalógica tem andado um pouco acabrunhada, mas de vez em quando lá aparece a dar soluções, como se fosse uma virgem impoluta.

Entretanto o Mancha Negra (os mercados) descobriram uns bandiditos de meia tigela,os Irmãos Metralha (Passos, Portas e Gaspar - não sei muito bem se a ordem é esta, ou outra qualquer).

No meio desta barafunda que é Patopólis, os Tios Patinhas e os Patacôncios proliferam e aumentam ainda mais os seus chorudos lucros, à custa dos Patos Donald cá da praça que andam a leste de tudo, dos Gastões que acreditam na sorte, dos Peninhas que só andam a curtir, dos Coronéis Cintra que protegem os Metralhas, dos Gansolinos que só pensam em dormir e continuam à espera que as coisas venham ter com eles sem esforço. Temos ainda os Joões Bafo de Onça, que se fazem amigos dos Metralhas, mas roubam em proveito próprio.

Para além destes, existe o resto da bicharada, que já não sabem qual é a sua história, mas que também não acreditam nesta. Andam meio perdidos.

Mas pelo meio temos os que nada fazem, além de fazerem número: as Margaridas, as Clarabelas, os Horácios, os Patetas, os Zés Carioca, etc.

Por cima disto tudo está quem verdadeiramente mexe os cordelinhos a partir do seu castelo altaneiro, lá para as margens do Reno: a Madame Mim (Angela Merkel).

OS IRMÃOS METRALHA-OS


sexta-feira, 30 de novembro de 2012

A Sedução das Marionetas


Num dos recentes programas da "Quadratura do Círculo", António Costa afirmou:

“A situação a que chegámos não foi uma situação do acaso. A União Europeia financiou durante muitos anos Portugal para Portugal deixar de produzir; não foi só naspescas, não foi só na agricultura, foi também na indústria, por ex. no têxtil. Nós fomos financiados para desmantelar o têxtil porque a Alemanha queria (a Alemanha e os outros países como a Alemanha) queriam que abríssemos os nossos mercados ao têxtil chinês basicamente porque ao abrir os mercados ao têxtil chinês eles exportavam os teares que produziam, para os chineses produzirem o têxtil que nós deixávamos de produzir. E portanto, esta ideia de que em Portugal houve aqui um conjunto de pessoas que resolveram viver dos subsídios e de não trabalhar e que viveram acima das suas possibilidades é uma mentira inaceitável. Nós orientámos os nossos investimentos públicos e privados em função das opções da União Europeia: em função dos fundos comunitários, em função dos subsídios que foram dados e em função do crédito que foi proporcionado. E portanto, houve um comportamento racional dos agentes económicos em função de uma política induzida pela União Europeia. Portanto não é aceitável agora dizer… podemos todos concluir e acho que devemos concluir que errámos, agora eu não aceito que esse erro seja um erro unilateral dos portugueses. Não, esse foi um erro do conjunto da União Europeia e a União Europeia fez essa opção porque a União Europeia entendeu que era altura de acabar com a sua própria indústria e ser simplesmente uma praça financeira. E é isso que estamos a pagar!”

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Eu e muitos outros andamos a dizer o mesmo há décadas, mas é preciso ser o Sr. António Costa, que participou no regabofe, vir dizê-lo para que se comece a dar crédito ao que toda a gente sabe.

Este regabofe é de todos, desde os governos de Mário Soares, potenciado e explorado pelos de Cavaco Silva e continuado pelas treinadas juventudes carreiristas e partidárias que entretanto foram chegando ao poder, das quais os exemplos mais recentes são Sócrates e Passos Coelho, mas que já têm um sucessor na calha: António José Seguro.

Não devemos esquecer que os que estiveram antes deram um empurrãozito, ninguém tem o conta-quilómetros a zero. Admiro a coragem do António Costa nesta denúncia, mas não deixo de admirá-la de forma crítica. Todos sabem que o que disse António Costa é verdade, mas todos fecharam os olhos ou assobiaram para o lado, incluindo o próprio António Costa, pois a conjuntura não era favorável... E, para mim, isto sendo útil, também é falta de carácter.

Verdade é que temos sido governados por um partido que se mascara de dois para criar a ilusão de que há diferenças, quando na realidade é o obscuro que manipula os cordelinhos dos pseudo dois lobos com pele de cordeiro.

30 de Novembro de 2012
 
A SEDUÇÃO DAS MARIONETAS
Um dia prometeram-nos leite e mel.
O nosso país, e outros, em termos de desenvolvimento económico, viviam a anos-luz das três grandes potências da Europa: a Alemanha, a França e a Inglaterra. A Inglaterra, isolada na sua ilha, não deixou de estar atenta, mas não embarcou de imediato nesta proposta, tinha a Commonwealth.

Mas o crescimento económico não dura sempre, por isso aqueles países inventaram um modelo. Um modelo de desenvolvimento, de partilha e solidariedade, diziam. Tornaram-no atractivo: olhem para nós,
para o nosso desenvolvimento, para a nossa riqueza, nós queremos que vocês sejam como nós.

Criaram a CECA e depois a CEE, mais tarde a UE. Primeiro foi permitido que aderissem os parceiros mais próximos, aqueles que não exigiam investimento, mas que se mostraram igualmente "solidários" com esta ideia. Havia que alargar o grupo, dar-lhe homogeneidade, para assim convencer melhor os outros, aqueles que realmente interessavam. O trabalho é lento, mas profícuo.

Em cada um dos restantes países europeus, os ricos tinham os seus emissários, os
seus bons alunos. Alguns desses emissários até percebiam perfeitamente o que estava para além da ponta do iceberg, mas sentiram-se seduzidos pela ideia. Era a forma de chegarem ao poder e, pelo menos no seu quintal, serem donos e senhores, controlarem as suas próprias marionetas, mesmo sabendo que não deixavam de ser marionetas de outros. A ideia seduziu-os.

Vieram as ajudas. Primeiros para os comissários políticos da Europa da fartura, os quais tiveram os meios necessários para criar nos outros a inevitabilidade da adesão à nova ordem económica, a tal que nos traria riqueza e desenvolvimento. A pouco e
pouco, os povos europeus foram aderindo à ideia: Irlanda, Grécia, Portugal, Espanha, etc..

O dinheiro veio a rodos. Gastem, gastem, diziam, nós queremos que vocês fiquem rapidamente ao nosso nível, nós somos a Europa solidária, a Europa da fartura.

Os fundos chegaram. Construíram-se estradas, promoveram-se formações, aumentou-se o poder de compra dos neófitos, construíram-se algumas obras emblemáticas e
megalómanas. Era um maná vindo do céu.

No entanto aqueles que até percebiam onde se queria chegar deixaram-se seduzir, era melhor, bem melhor, do que a maçã-de-adão.

Para que nada falhasse fechou-se os olhos a oportunistas, pois quem tinha poder económico enriquecia rápida e facilmente, ajudava a criar a ilusão que a riqueza afinal era fácil, bastava esticar a mão de pedinte para que ela ficasse cheia de moedas. É a síndrome do novo-rico: se o dinheiro afinal é fácil para quê lutar por ele, basta abrir a boca. Cada vez mais gente via nesta ideia peregrina a solução de todas as suas frustrações, todos os seus males.

Quem tem um pouco mais de dinheiro tem sempre mais poder sobre os que têm menos. Acham.

A partir de certa altura começaram a mandar dinheiro para destruirmos a nossa agricultura, as nossas pescas. Era preciso escoar os seus produtos, por isso passavam a fornecer os novos países. Era mais barato e os produtos tinham uma aparência de melhor qualidade. Tudo muito bem apresentado, tudo muito bem embalado, tudo muito bem uniformizado.

As marionetas sentiram-se seduzidas.

Se há muito dinheiro há que gastar. Este princípio era alimentado incessantemente pelos que puxavam os cordelinhos.

Com o tempo o mercado voltou a saturar-se, até porque a economia não pode crescer indefinidamente e, lá para oriente, surgiram novos rivais e novas hipóteses de mercado. Os outros continuaram a gastar, mas ninguém se preocupou, porque quanto mais gastavam mais ficavam a dever e, se não pagassem, ficariam de novo na miséria, enquanto os países ricos continuavam a enriquecer, porque passaram a ver novos e maiores mercados nas economias emergentes: China, Índia, Brasil, etc..

Está na hora das marionetas seduzidas acordarem do seu torpor e perceberem que têm de cortar os fios que os controlam, por mais dourados que sejam.Está na hora de pensarmos em alternativas realmente sustentáveis e solidárias. Está na hora de pensarmos numa economia de recursos.

14 de Outubro de 2012

A Casa do Desgoverno

Na Casa do Desgoverno existem três famílias, ou melhor, três clubes. Um é azul, outro laranja e o terceiro rosa.

Estes clubes têm os jogadores e treinadores mais caros e exercem grande influência sobre a arbitragem. Contam ainda com a complacência do presidente da federação. São os que conseguem alienar a maioria dos adeptos.

O clube azul, joga duplo, tanto apoia o clube laranja, como o clube rosa, tudo depende daquele que lhe dá mais garantias de disputar as competições europeias.

Um deles gosta de criar a ilusão de que tanto está no jogo, como critica os árbitros, os treinadores e jogadores dos outros e até, numa ou outra ocasião, consegue o apoio do presidente da federação, mas continua a disputar o mesmo jogo. Assim é o clube rosa.

Os do clube rosa gostam de se intitular o principal clube da oposição e, com este argumento, conseguem confundir os adeptos que, mais preguiçosos ou melhor manipulados, acreditam que estes ainda podem ser alternativa àqueles.

Fora da Casa do Desgoverno existem outros clubes, os da segunda divisão, um é vermelho e o outro vermelho também, mas às vezes usa uns calções pretos. Dizem estes, e com alguma razão, que essa história de principal clube da oposição não passa de uma falácia, pois não é o número de adeptos que dita esse princípio, mas sim a coerência de jogo.

Moral da história: o que está mal neste campeonato é o sistema de jogo.

sexta-feira, 23 de novembro de 2012

CREDIBILIDADE

1. CREDIBILIDADE PARA QUÊ?

Por ela, para que creiam em nós, estamos dispostos a dar a vida? Mas, depois de mortos, quem pagará as nossas dívidas?

Era uma vez… Um grupo de ricos agiotas ultra “dinâmicos”que, insatisfeitos com o lento ritmo dos seus negócios, resolveu dinamizar os seus métodos de “marketing”para multiplicar a produtividade das suas vendas e a rentabilidade do seu único produto, o dinheiro.

Vai daí, iniciaram a sua grande inovação; anunciar ao Mundo, sobretudo ao Mundo dito atrasado, o grande mérito do crédito como factor de desenvolvimento, -“não hesitem, recorrer ao crédito é barato e dá milhões”- a propaganda tornou-se CREDÍVEL e, quem queria chegar rapidamente aos poderes de governar e ao prometido paraíso da abundância e do progresso, comprou a crédito (muitas vezes para arranjar votos ) todo o dinheiro que os agiotas lhes ofereceram.

À medida que a clientela aumentava, a procura intensificava-se. Com o aumento da procura, o preço do produto aumentou e chegou o dia em que os clientes perceberam que o dinheiro não tinha sido comprado, (perceberam que tinham alugado uma casa que não podiam pagar e iam ser despejados!).

Quando os agiotas começaram a perceber que iam ter dificuldades em reaver o “seu” dinheiro, assustaram-se e diminuíram a oferta, ao diminuir a oferta, ficou claro que a maioria dos clientes só podia pagar com novos empréstimos, estava descoberto a nível mundial, o sistema D. Branca.

Os ameaçados de despejo, para que os donos ganhassem confiança neles, disseram-lhe: não se assustem que nós vamos pagar dentro dos prazos, nem que para isso deixemos de comer…e começaram a pagar…só que, como o burro cigano, sem se alimentarem, um dia destes morrem…e aí, os agiotas, “que vão ao Tota”e limpem os restos por sua conta.

Claro que os donos – agiotas, que não são burros, teriam preferido receber nem que fosse metade do que lhe deviam, durante o dobro do tempo, mas para isso era preciso que os devedores tornassem CREDÍVEL junto dos agiotas a sua decisão de querer viver para lhes pagar as dívidas, com o que sobrasse da satisfação austera mas digna das suas necessidades vitais: Paz, pão, saúde e educação.

Mas… para que tal possa acontecer, todos os devedores temos de estar unidos e coesos, firmes e decididos a QUERER VIVER, PORQUE SÓ ASSIM GANHAREMOS A CREDIBILIDADE NECESSÁRIA PARA CONVENCER OS AGIOTAS DE QUE ESSA É, DE LONGE, A SOLUÇÃO QUE MAIS LHES INTERESSA.

É PRECISO ANULAR RAPIDAMENTE OS infiltrados “Cavalos de Tróia” dos credores, que nos dividem.

Enquanto alguns responsáveis pelos devedores estiverem dispostos a deixar morrer os seus, para com as vidas deles ir pagando os lucros dos agiotas, estes, de imediato, agarrar-se-ão a eles como seus verdadeiros intermediários, capazes de ir defendendo os seus interesses, mesmo à custa das vidas daqueles que dizem defender, anulando dessa forma toda a possibilidade de entendimentos pacíficos e justos, para ambas as partes.

2. CREDIBILIDADE PARA QUEM?

Diz o Gaspar e seus colegas, que é necessário cortar de maneira permanente, mais quatro mil milhões de euros por ano na despesa.

Diz o Expresso desta semana, que os encargos (despesa) com os juros da dívida são, este ano, sete mil cento e sessenta e quatro milhões, ou 56% dos encargos com a dívida.

Assim sendo, grosso modo, o custo total com os juros da nossa dívida deve rondar os 12,5 mil milhões. Se em vez de pagar 56%, pagarmos 30%,cerca de três mil setecentos e cinquenta milhões, e se cortássemos, não 4 mil milhões, mas apenas dois mil milhões, podíamos investir os outros dois mil milhões sobrantes, em apoio ao desenvolvimento produtivo.

SENHORES CREDORES Avaliando as nossas reais possibilidades e no vosso próprio interesse, DECIDIMOS:

a) poupar e arranjar trabalho para todos nós.
b) acumular riqueza para desenvolver a economia.
c) aumentar o nosso PIB, para diminuir o peso do encargo da dívida na nossa economia, facilitando dessa maneira,a nossa capacidade de vos pagar.
d) congelar pelos valores da presente data,o montante global em dívida.
e) que o valor anual a pagar pelos encargos da dívida, não pode ultrapassar os 30% do total, (cerca de 3.750 milhões) durante os dois primeiros anos, com um aumento progressivo igual ao da nossa capacidade de amortização do capital em dívida, até à sua liquidação.

A nossa decisão, é uma decisão caucionada por todas as forças representantes do conjunto da Nação Portuguesa, profundamente convictos de ser a melhor das soluções em defesa dos interesses dos nossos credores e da sobrevivência do nosso povo, sem a qual, o prejuízo dos credores será total.

Camilo Mortágua

quarta-feira, 21 de novembro de 2012

As Donas Doroteias afinal andam por aí...

Há alguns dias estava a falar, numa aula de História de 9º ano, sobre a mudança de mentalidade que ocorreu entre os anos 20 e 30 do século passado, relacionando com o conflito de gerações, que ainda hoje está bem vivo. Neste contexto sugeri aos meus alunos para verem alguns episódios da telenovela "Gabriela", nomeadamente os diálogos da personagem Malvina, pois assim, por mais hábil que eu fosse a transmitir-lhe a ideia, perceberiam bem melhor o que estava em causa e o que mudou.

Como essa novela passa um pouco tarde, para quem tem de se levantar cedo no dia seguinte para vir para as aulas, sugeri que gravassem e vissem numa altura mais propicia.

Em minha modesta opinião até deveriam ver com os pais e no fim conversar sobre o que todos acabaram de ver, pois talvez fosse uma boa maneira de aproximar pais de filhos.

Ora, passados dias, algumas encarregadas de educação queixaram-se à Directora de Turma que o professor de História tinha aconselhado os(as) filhos(as) a verem essa novela "degradante" (palavra minha) e atentatória da moral e dos bons costumes.

Fiquei surpreendido? Não! Como é possível ficar surpreendido com uma atitude destas? A crítica tem todo o sentido, pois ver a "Gabriela" é de facto atentatório da moral e bons costumes. Como se pode pensar que a mulher deve emancipar-se em relação ao homem, que deve ter opinião própria e liberdade de escolha. Como pode a mulher pôr em causa a autoridade, leia-se autoritarismo, dos pais, dos governos, etc., por mais absurda que possa ser. Como pode a mulher ter a veleidade de exigir um tratamento igual ao do homem.

Além do mais, se os(as) filhos(as) estivessem a ver a "Gabriela", como é que os pais poderiam estar a ver "A Casa dos Segredos", esse sim um programa educativo e altamente dignificante da condição humana, onde podemos ver exemplos de vida que todos devemos esperar para os nosso filhos, os quais se espera, orgulhosamente, que cresçam com os valores que realmente interessam à sociedade.

Como pode ser verdade que passadas tantas décadas não se tenha passado de mascarar uma realidade em vez de a mudar simplesmente. Quem está errado serei eu, pela certa, que incentivo os meus alunos à subversão.

Agora sim, compreendo como este país pode estar mergulhado durante 48 anos num mundo de obscurantismo, de submissão, de falsidade, de hipocrisia, de bufos, de delatores e de censores.

sexta-feira, 2 de novembro de 2012

O Sistema de Jogo


Na Casa do Desgoverno existem três famílias, ou melhor, três clubes. Um é azul, outro laranja e o terceiro rosa.

Estes clubes têm os jogadores e treinadores mais caros e exercem grande influência sobre a arbitragem. Contam ainda com a complacência do presidente da federação. São os que conseguem alienar a maioria dos adeptos.

Um deles gosta de criar a ilusão de que tanto está no jogo, como critica os árbitros, os treinadores e jogadores dos outros e até, numa ou oura ocasião, consegue o apoio do presidente da federação, mas continua a disputar o mesmo jogo. Assim é o clube rosa.


Os do clube rosa gostam de se intitular o principal clube da oposição e, com este argumento, conseguem confundir os adeptos que, mais preguiçosos ou melhor manipulados, acreditam que estes ainda podem ser alternativa àqueles.

O clube azul, tanto apoia o clube laranja como o clube rosa, apoia aquele que lhe permite ir às competições europeias.

Fora da Casa do Desgoverno existem outros clubes, os da segunda divisão, um é vermelho e o outro vermelho também, mas às vezes usa uns calções pretos. Dizem estes, os da segunda divisão, e com alguma razão, que essa história de principal clube da oposição não passa de uma falácia, pois não é o número de adeptos que dita esse princípio, mas sim a coerência de jogo.

Moral da história: o que está mal neste campeonato é o sistema de jogo.

terça-feira, 30 de outubro de 2012

Dragões de Ouro 2012

 Por um simples acaso, ao fazer um zapping deparo com a entrega dos Dragões de Ouro no Porto Canal.

Surpreendido, fiquei a ver um bocado. Os meus parabéns a todos os atletas galardoados e também àqueles que ainda o não foram, mas que tem um
comportamento cívico e desportivo igualmente notável e exemplar.

Lamentável, francamente lamentável, é que o meu clube dê tempo de antena a um cobarde como Durão Barroso, que deixou o país à deriva para se ir abotoar com as mordomias da União Europeia, mesmo que não passe de um simples moço de recados do grupo de Bilderberg.

Lamentável, francamente lamentável, é que o meu clube dê tempo de antena ao chico espertismo do Miguel Relvas, campeão das aldrabices.

Nós portistas já não somos indivíduos de beijar a mão a um qualquer cacique, por muito admiração que tenhamos pelo desempenho que tenha à frente do nosso clube e, para mim, ver aqueles duas pessoas, no que devia ser a festa do portismo e dos portista, é uma mancha que ensombra aquele evento.


domingo, 21 de outubro de 2012

Agir Localmente, mas Pensar Globalmente


O problema das sociedade actuais é global, mas isso não deve evitar que não está nas nossas mãos fazermos algo para mudar o rumo da história. Se o problema é global, e é, então temos de agir localmente, para que esta acção se propague a todos os cantos do globo e assim estender a revolução, não podemos esperar que todas as condições estejam reunidas para avançar.

Quando uma situação não tem a sua expressão global, acontece o mesmo que aconteceu em Cuba. Cuba teve condições e homens capazes de avançar, mas o resto do mundo fechou-lhe as portas e por isso a revolução cubana ficou isolada e hoje, graças ao bloqueio económico dos EUA e ao fechar de olhos do resto do mundo, Cuba está de facto isolada e o seu desenvolvimento económico está comprometido, daí a necessidade também de pensar globalmente e não acusar Fidel ou Che de erros, que os houve e há, sem dúvida, mas de combater os que globalmente têm o desplante de usar os povos do mundo como se fossem donos e senhores do mundo e os restantes povos fossem apenas uns animalzinhos que vivem na sua quinta.

Não temos um Che, pois não, mas muitos que hoje defendem o Che, combateram-no enquanto vivo. Sou grande admirador do Che, do seu pensamento e da sua acção, mas como ateu que sou não endeuso ninguém, não presto culto da personalidade a ninguém, mas não nego que a minha admiração pelo Che vai para além do racional, assim como por Gandhi, mas todos os "ídolos" têm pés de barro, felizmente uns menos do que outros e é destes que devemos beber e aprender a agir, não nos podemos ficar pelas intenções, há mesmo que agir, essa foi a grande lição de homens como Che e Gandhi. Não podemos estar à espera dos "Ches", eles aparecem quando a dinâmica do povo vai no sentido de dar voz aos seus legítimos anseios.

Os povos, os oprimidos, os que lutam e trabalham arduamente dia a dia, sem que o seu trabalho seja reconhecido pelos falsos patriotas que tudo sugam, os capitalistas. Já Lenine dizia: Proletários de todo o Mundo uni-vos! O capital tem sido bem mais inteligente, infelizmente, do que o trabalho. O capital age localmente (condiciona, manipula, etc) mas pensa globalmente, por isso é que se tem mantido no poder. Quanto ao trabalho, mesmo que perceba o que se passa, deixa-se cair em ilusórias acções, muita palavra e pouca acção, anda mais preocupado com a cor da camisola que cada um usa, se é verde, preta, vermelha ou outra, se anda de fato e gravata, de calças de ganga, esfarrapado ou de sotaina, enfim o trabalho anda preocupado com as aparências em vez de se preocupar com a essência. Quem é que se aproveita desta divisão? Claro que sabem a resposta.

O meu patriotismo é a solidariedade com todos os trabalhadores, sobretudo os que ousam lutar contra a arrogância do poder e do capital, não é o patriotismo daqueles que aceitam que as suas quintas (países) sejam a essência, isso foi mais uma falácia que os donos das quintas inventaram, acho que todos conhecem a frase: dividir para reinar.

Eu sou um cidadão do mundo, mas talvez alguns ainda se lembrem de uma outra frase tão cara a Lenine e com a qual concordo totalmente: internacionalismo proletário. Ser cidadão do mundo é defender o internacionalismo proletário. Gostar do local onde nascemos é amor, são as nossas raízes, mas tal como a criança se liberta dos pais, nós temos de nos libertar das nossas raízes, por mais que as amemos, se queremos ir mais além.

    

domingo, 14 de outubro de 2012

A SEDUÇÃO DAS MARIONETAS


Um dia prometeram-nos leite e mel.

O nosso país, e outros, em termos de desenvolvimento económico, viviam a anos-luz das três grandes potências da Europa: a Alemanha, a França e a Inglaterra. A Inglaterra, isolada na sua ilha, não deixou de estar atenta, mas não embarcou de imediato nesta proposta, tinha a Commonwealth.

Mas o crescimento económico não dura sempre, por isso aqueles países inventaram um modelo. Um modelo de desenvolvimento, de partilha e solidariedade, diziam. Tornaram-no atrativo: olhem para nós, para o nosso desenvolvimento, para a nossa riqueza, nós queremos que vocês sejam como nós.

Criaram a CECA e depois a CEE, mais tarde a UE. Primeiro foi permitido que aderissem os parceiros mais próximos, aqueles que não exigiam investimento, mas que se mostraram igualmente "solidários" com esta ideia. Havia que alargar o grupo, dar-lhe homogeneidade, para assim convencer melhor os outros, aqueles que realmente interessavam. O trabalho é lento, mas profícuo.

Em cada um dos restantes países europeus, os ricos tinham os seus emissários, os seus bons alunos. Alguns desses emissários até percebiam perfeitamente o que estava para além da ponta do iceberg, mas sentiram-se seduzidos pela ideia. Era a forma de chegarem ao poder e, pelo menos no seu quintal, serem donos e senhores, controlarem as suas próprias marionetas, mesmo sabendo que não deixavam de ser marionetas de outros. A ideia seduziu-os.

Vieram as ajudas. Primeiros para os comissários políticos da Europa da fartura, os quais tiveram os meios necessários para criar nos outros a inevitabilidade da adesão à nova ordem económica, a tal que nos traria riqueza e desenvolvimento. A pouco e pouco, os povos europeus foram aderindo à ideia: Irlanda, Grécia, Portugal, Espanha, etc..

O dinheiro veio a rodos. Gastem, gastem, diziam, nós queremos que vocês fiquem rapidamente ao nosso nível, nós somos a Europa solidária, a Europa da fartura.

Os fundos chegaram. Construíram-se estradas, promoveram-se formações, aumentou-se o poder de compra dos neófitos, construíram-se algumas obras emblemáticas e megalómanas. Era um maná vindo do céu.

No entanto aqueles que até percebiam onde se queria chegar deixaram-se seduzir, era melhor, bem melhor, do que a maçã-de-adão.

Para que nada falhasse fechou-se os olhos a oportunistas, pois quem tinha poder económico enriquecia rápida e facilmente, ajudava a criar a ilusão que a riqueza afinal era fácil, bastava esticar a mão de pedinte para que ela ficasse cheia de moedas. É a síndrome do novo-rico: se o dinheiro afinal é fácil para quê lutar por ele, basta abrir a boca. Cada vez mais gente via nesta ideia peregrina a solução de todas as suas frustrações, todos os seus males.

Quem tem um pouco mais de dinheiro tem sempre mais poder sobre os que têm menos. Acham.

A partir de certa altura começaram a mandar dinheiro para destruirmos a nossa agricultura, as nossas pescas. Era preciso escoar os seus produtos, por isso passavam a fornecer os novos países. Era mais barato e os produtos tinham uma aparência de melhor qualidade. Tudo muito bem apresentado, tudo muito bem embalado, tudo muito bem uniformizado.

As marionetas sentiram-se seduzidas.

Se há muito dinheiro há que gastar. Este princípio era alimentado incessantemente pelos que puxavam os cordelinhos.

Com o tempo o mercado voltou a saturar-se, até porque a economia não pode crescer indefinidamente e, lá para oriente, surgiram novos rivais e novas hipóteses de mercado. Os outros continuaram a gastar, mas ninguém se preocupou, porque quanto mais gastavam mais ficavam a dever e, se não pagassem, ficariam de novo na miséria, enquanto os países ricos continuavam a enriquecer, porque passaram a ver novos e maiores mercados nas economias emergentes: China, Índia, Brasil, etc..

Está na hora das marionetas seduzidas acordarem do seu torpor e perceberem que têm de cortar os fios que os controlam, por mais dourados que sejam.

Está na hora de pensarmos em alternativas realmente sustentáveis e solidárias, está na hora de pensarmos numa economia de recursos.

quinta-feira, 5 de abril de 2012

O Manifesto dos Indignados

Deixa de ser macaco e pára de disparar à sorte, assume-te como humano e escolhe bem o teu alvo


AVISO MUITO SÉRIO AOS POLÍTICOS: OS QUE (DES)GOVERNAM ESTE PAÍS, OS QUE NOS TENTAM ENQUADRAR E PACIFICAR (OPOSIÇÃO E SINDICATOS). NÓS ESTAMOS A ATINGIR O LIMITE, MAS NÃO VAMOS FAZER COMO O CIDADÃO GREGO QUE SE SUICIDOU EM FRENTE AO PARLAMENTO, NÓS ESTAMOS A ATINGIR O LIMITE E É PRECISO QUE TODOS CLARIFIQUEM DE QUE LADO É QUE ESTÃO: DO LADO DO GOVERNO (DO GRANDE CAPITAL) OU DO NOSSO LADO.

NÓS ESTAMOS A ATINGIR O LIMITE E OS ALVOS SERÃO VOCÊS.

Dedico a todos os que nos têm (des)governado, em particular nos últimos anos, o poema de Alberto Pimenta, os "Filhos da Puta", apelando a todos os indignados, que estão fartos deste sistema, desta política, que o publiquem nas respectivas redes sociais ou blogs, com uma dedicatória alusiva aos que deviam estar atrás das grades, mas continuam arrogantemente a "mandar" em nós.

BASTA!

Segue-se o Manifesto dos Indignados:

De Alberto Pimenta, "Filho da Puta"

I
O pequeno filho-da-puta
é sempre
um pequeno filho-da-puta;
mas não há filho-da-puta,
por pequeno que seja,
que não tenha
a sua própria
grandeza,
diz o pequeno filho-da-puta.

no entanto, há
filhos-da-puta que nascem
grandes e filhos-da-puta
que nascem pequenos,
diz o pequeno filho-da-puta.
de resto,
os filhos-da-puta
não se medem aos
palmos,diz ainda
o pequeno filho-da-puta.

o pequeno
filho-da-puta
tem uma pequena
visão das coisas
e mostra em
tudo quanto faz
e diz
que é mesmo
o pequeno
filho-da-puta.

no entanto,
o pequeno filho-da-puta
tem orgulho
em ser
o pequeno filho-da-puta.
todos os grandes
filhos-da-puta
são reproduções em
ponto grande
do pequeno
filho-da-puta,
diz o pequeno filho-da-puta.

dentro do
pequeno filho-da-puta
estão em ideia
todos os grandes filhos-da-puta,
diz o
pequeno filho-da-puta.
tudo o que é mau
para o pequeno
é mau
para o grande filho-da-puta,
diz o pequeno filho-da-puta.

o pequeno filho-da-puta
foi concebido
pelo pequeno senhor
à sua imagem
e semelhança,
diz o pequeno filho-da-puta.

é o pequeno filho-da-puta
que dá ao grande
tudo aquilo de que
ele precisa
para ser o grande filho-da-puta,
diz o
pequeno filho-da-puta.
de resto,
o pequeno filho-da-puta vê
com bons olhos
o engrandecimento
do grande filho-da-puta:
o pequeno filho-da-puta
o pequeno senhor
Sujeito Serviçal
Simples Sobejo
ou seja,
o pequeno filho-da-puta.

II
o grande filho-da-puta
também em certos casos começa
por ser
um pequeno filho-da-puta,
e não há filho-da-puta,
por pequeno que seja,
que não possa
vir a ser
um grande filho-da-puta,
diz o grande filho-da-puta.

no entanto,
há filhos-da-puta
que já nascem grandes
e filhos-da-puta
que nascem pequenos,
diz o grande filho-da-puta.

de resto,
os filhos-da-puta
não se medem aos
palmos, diz ainda
o grande filho-da-puta.

o grande filho-da-puta
tem uma grande
visão das coisas
e mostra em
tudo quanto faz
e diz
que é mesmo
o grande filho-da-puta.

por isso
o grande filho-da-puta
tem orgulho em ser
o grande filho-da-puta.

todos
os pequenos filhos-da-puta
são reproduções em
ponto pequeno
do grande filho-da-puta,
diz o grande filho-da-puta.
dentro do
grande filho-da-puta
estão em ideia
todos os
pequenos filhos-da-puta,
diz o
grande filho-da-puta.

tudo o que é bom
para o grande
não pode
deixar de ser igualmente bom
para os pequenos filhos-da-puta,
diz
o grande filho-da-puta.

o grande filho-da-puta
foi concebido
pelo grande senhor
à sua imagem e
semelhança,
diz o grande filho-da-puta.

é o grande filho-da-puta
que dá ao pequeno
tudo aquilo de que ele
precisa para ser
o pequeno filho-da-puta,
diz o
grande filho-da-puta.
de resto,
o grande filho-da-puta
vê com bons olhos
a multiplicação
do pequeno filho-da-puta:
o grande filho-da-puta
o grande senhor
Santo e Senha
Símbolo Supremo
ou seja,
o grande filho-da-puta.

sábado, 31 de março de 2012

As Novas Leis do Trabalho

Recentemente foram aprovadas novas Leis do Trabalho na Assembleia da República, por proposta do Governo e respectivos partidos da maioria, e por imposição da Troika.

A votação não me surpreendeu. O actual Governo legitimado pelo Governo de Sócrates e pelo esbanjamento da economia nacional desde, pelo menos, o Governo de Cavaco Silva, permitiu à maioria aprovar a lei sem qualquer dificuldade.

Apesar de não ter ficado surpreso com os resultados, só um inocente teria alguma surpresa, há alguns factos curiosos: o PS deu mais um tiro no pé e, pelo seguro, resolveu abster-se em nítida subserviência à Troika; uma deputada do PS, Isabel Teixeira, assume o seu dever de deputada e vota contra a disciplina de voto do PS; curiosa também foi o voto do deputado Ribeiro e Castro do CDS, que votou contra a disciplina de voto imposta pela maioria e o pelo Governo.

Surpreso com a votação de Ribeiro e Castro? Não! Quando a notícia foi parcialmente transmitida achei que havia alguma coerência no sentido de voto daquele deputado, pois como o seu partido, o CDS, e o PSD, sempre pretenderam alterar profundamente as leis do trabalho ainda mais do que a lei agora aprovada, poderia ser uma atitude coerente mas, para espanto dos incautos, afinal o Sr. Deputado até não tinha nenhuma objecção a fazer à "macieza" das leis aprovadas, o Sr. Deputado marcava posição em defesa da não abolição do feriado do 1º de Dezembro.

Isto é, os trabalhadores foram, mais uma vez, fortemente penalizados, mas o Sr Deputado Ribeiro e castro só se preocupou com a abolição do 1º de Dezembro. Olhe Sr. Deputado, deixe-me dizer-lhe, em linguagem que o senhor percebe perfeitamente, pois faz parte dos chavões que os senhores deputados usam regularmente, sobretudo quando não sabem o que  querem dizer e para ganhar tempo até que alguma coisa sia, dizia, deixe-me dizer-lhe com toda a clareza e solicitando que ninguém me interrompa, por enquanto os outros falavam eu não interrompi ninguém, sim, deixe-me dizer-lhe com toda a clareza que a vontade de comemorar o 1º de Dezembro está plasmada na alma do Povo Português, não porque esta data ainda digo algo aos Portugueses, mas porque os Portugueses sintam, cada vez como mais urgente,  um novo 1ª de Dezembro capaz de derrotar os traidores que mais uma vez colocam, a troco de uns tostões, o país na dependência do estrangeiro.

Para rematar ente imbróglio sublinho a notícia que acabei de ler:


Salários nas empresas públicas alemãs vão subir 6,3% nos próximos dois anos


Continuem a preocupar-se com o supérfluo e deixem o essencial, quando acordarem já vão ver a "duquesa de Mântua" deitada na cama do "Miguel de Vasconcelos" a comer-lhe as papas na cabeça e o Zé Povinho a pagar a vilanagem.

segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012

A Legalização do Roubo

A sensação que tenho é que, nos últimos dois séculos, não vivemos uma mudança estrutural, seja ela social, política ou económica, mas que vivemos numa conjuntura de longa duração.

Os princípios da revolução Francesa: Liberdade, Igualdade e Fraternidade; soam hoje a algo de falso, soam a algo que serviu simplesmente para empalear e perpetuar os mesmo no poder, isto é, os ricos e poderosos, sejam eles a burguesia, a nobreza, ou simplesmente os tipos do dinheiro.

Dizem que estamos em crise. Será? Olhem à vossa volta e digam-me onde faltam os recursos?

Os recursos faltam onde falta o dinheiro, isto é, eles existem, mas só os podem alcançar quem tem acesso ao dinheiro, quero com isto dizer que para aqueles que inventaram o dinheiro e o manipulam nunca faltaram os recursos. Para os detentores do poder económico, nada melhor do que alimentar uma crise, do que criar uma crise, pois é à custa dessa crise fictícia que o seu poder económico vai aumentar e, consequentemente, o seu poder político e social.

A democracia, esta democracia, é mais uma invenção do poder para ludibriar as pessoas e fazê-las ceder à chantagem de um nome, digo, de um nome vazio, pois a forma sobrepõe-se ao conteúdo.

Já na Grécia Antiga, em Atenas, a democracia, o governo do povo e para o povo, era uma forma de os cidadãos atenienses, apenas 10% da população ateniense, dividirem entre si a riqueza ociosa à custa do trabalho, do negócio, dos restantes habitantes da pólis, achando perfeitamente normal a existência de escravos (cerca de metade da população ateniense), assim como se achava normal a falta de direitos para todas as mulheres, mesmo para as mulheres dos cidadãos. Hoje a proporção entre os detentores do poder e da riqueza e os restantes é bem menor. Chamam a isto progresso? Tecnológico sim, mas e humano?

Tentando fugir ao anacronismo histórico, pergunto se os atenienses teriam consciência das desigualdades da sua sociedade dita democrática, da mesma forma me questiono que a actual Humanidade não tem, não deve ter, consciência dessas desigualdades. Quer numa situação quer na outra, o que impede o desenvolvimento do espírito crítico é a educação. A educação formata o Homem para responder ao que se espera dele, não para criticar e transformar o mundo que nos rodeia.

Se a educação condiciona a instrução liberta.

A sociedade actual é composta por quatro círculos, os quais podem ser concêntricos, secantes, tangentes ou até mesmo divergentes: no centro estão os homens do dinheiro, os que realmente detêm o poder; o segundo círculo é composto pelos sabujos que comem das migalhas daqueles, a troco do formarem uma opinião pública favorável aos interesses dos primeiros, este círculo é constituído pelos políticos profissionais, pelos fazedores de opinião, pelos oportunistas, pelos homens de cultura comprometida, pelos pseudo intelectuais e pelos self made men; um terceiro círculo divergente destes dois primeiros é um círculo marginal, composto por aqueles que contestam o status quo, mas que têm opinião sobre uma sociedade diferente baseada em princípios diferentes, aqueles que pretendem contrariar a lógica dos vencedores, este grupo é constituído por todos aqueles que acreditam que é necessário construir um novo paradigma contrariando aquele em que assenta a actual dita Humanidade, um paradigma baseado nos recursos e não no dinheiro e na posse, este grupo de marginalizados é constantemente abafado pela "polícia" de choque do círculo anterior, o qual tem ao seu alcance armas muito mais poderosas excepto a força da razão; finalmente o último círculo, esmagadoramente maioritário, é constituído por uma imensa massa amorfa e acéfala, fruto de uma educação milenar de subserviência, de falsas necessidades, da criação de um produto facilmente manipulável, ao qual facilmente se podem criar pseudo ilusões, ou pseudo necessidades, para que possam servir os interesses do primeiro círculo, muitos dos que pertencem a este círculo começam, aos poucos e poucos, a despertar desta letargia e começam a prestar mais atenção ao mundo à sua volta, começando a olhar para o círculo anterior como um círculo de libertação e não como um inimigo como os restantes o educaram para aceitar.

Sempre foi assim. Não é o que desde sempre nos disseram? Pois está na hora de começarmos a pensar que tudo pode ser de maneira diferente.

O roubo está agora legalizado, não me refiro ao roubo do dinheiro, mas sim ao roubo dos recurso, que são de todos, e ao roubo das consciências.

Está nas tuas mãos começar a mudar este estado das coisas.

sábado, 25 de fevereiro de 2012

ET