O problema das sociedade actuais é global, mas isso não deve evitar que não está
nas nossas mãos fazermos algo para mudar o rumo da história. Se o problema é global, e
é, então temos de agir localmente, para que esta acção se propague a
todos os cantos do globo e assim estender a revolução, não podemos
esperar que todas as condições estejam reunidas para avançar.
Quando uma situação não tem a sua expressão global, acontece o mesmo que aconteceu em Cuba. Cuba teve
condições e homens capazes de avançar, mas o resto do mundo fechou-lhe
as portas e por isso a revolução cubana ficou isolada e hoje, graças ao
bloqueio económico dos EUA e ao fechar de olhos do resto do mundo, Cuba
está de facto isolada e o seu desenvolvimento económico está
comprometido, daí a necessidade também de pensar globalmente e não acusar
Fidel ou Che de erros, que os houve e há, sem dúvida, mas de combater
os que globalmente têm o desplante de usar os povos do mundo como se fossem
donos e senhores do mundo e os restantes povos fossem apenas uns
animalzinhos que vivem na sua quinta.
Não
temos um Che, pois não, mas muitos que hoje defendem o Che,
combateram-no enquanto vivo. Sou grande admirador do Che, do seu
pensamento e da sua acção, mas como ateu que sou não endeuso ninguém,
não presto culto da personalidade a ninguém, mas não nego que a minha
admiração pelo Che vai para além do racional, assim como por Gandhi, mas
todos os "ídolos" têm pés de barro, felizmente uns menos do que outros e
é destes que devemos beber e aprender a agir, não nos podemos ficar
pelas intenções, há mesmo que agir, essa foi a grande lição de homens
como Che e Gandhi. Não podemos estar à espera dos "Ches", eles aparecem quando a
dinâmica do povo vai no sentido de dar voz aos seus legítimos anseios.
Os povos, os oprimidos, os
que lutam e trabalham arduamente dia a dia, sem que o seu trabalho seja
reconhecido pelos falsos
patriotas que tudo sugam, os capitalistas. Já Lenine dizia: Proletários
de todo o Mundo uni-vos! O capital tem sido bem mais inteligente,
infelizmente, do que o trabalho. O capital age localmente (condiciona,
manipula, etc) mas pensa globalmente, por isso é que se tem mantido no
poder. Quanto ao trabalho, mesmo que perceba o que se passa, deixa-se
cair em ilusórias acções, muita palavra e pouca acção, anda mais
preocupado com a cor da camisola que cada um usa, se é verde, preta,
vermelha ou outra, se anda de fato e gravata, de calças de ganga,
esfarrapado ou de sotaina, enfim o trabalho anda preocupado com as
aparências em vez de se preocupar com a essência. Quem é que se aproveita
desta divisão? Claro que sabem a resposta.
O meu patriotismo é a
solidariedade com todos os trabalhadores, sobretudo os que ousam lutar
contra a arrogância do poder e do capital, não é o patriotismo daqueles
que aceitam que as suas quintas (países) sejam a essência, isso foi mais
uma falácia que os donos das quintas inventaram, acho que todos conhecem
a frase: dividir para reinar.
Eu
sou um cidadão do mundo, mas talvez alguns ainda se lembrem de uma
outra frase tão cara a Lenine e com a qual concordo totalmente:
internacionalismo proletário. Ser cidadão do mundo é defender o
internacionalismo proletário. Gostar do local onde nascemos
é amor, são as nossas raízes, mas tal como a criança se liberta dos
pais, nós temos de nos libertar das nossas raízes, por mais que as
amemos, se queremos ir mais além.
Sem comentários:
Enviar um comentário