domingo, 29 de agosto de 2010

DOMINGO "BOU" À BOLA

Acabei de descobrir um artigo que publiquei a 15 de Fevereiro de 2004 num blog que tinha na altura: "A Besta Humana".

Como a realidade não se alterou, bem pelo contrário, este artigo continua actual, por isso deixo-o aqui para reavivar a memória.

Como é habitual nos dias em que o Porto vai fora fazer jogos importantes, juntamos um grupo de amigos e vamos ver o jogo a casa de um de nós. É uma daquelas reuniões de alienação, ou talvez melhor, de terapia de grupo. Embora a maioria seja portista (grupo no qual me incluo), também há benfiquistas, sportinguistas, boavisteiros e até vimaranenses e ainda aqueles que se estão a marimbar para o futebol e para qualquer clube (estes normalmente quando o jogo termina nem costumam saber o resultado).

Duas ou três horas antes do jogo começamos a chegar, cada qual com a sua multa. Uns chouricitos, um naco de presunto, uns franguitos (isto nos jogos de futebol dá sempre jeito), uns camarõezitos, umas cervejolas, uns whiskizitos, uns sumitos (pois é verdade, também há aqueles que por opção não bebem álcool) e mais aquilo que a imaginação de cada um ditar.

Estamos todos reunidos. Começam os primeiros disparates, as primeiras previsões, os primeiros comentários à semana futebolesa. Tudo no mais puro e vernáculo futebolês.

Começa o jogo. Sentamo-nos todos (ou quase) em frente do ecrã, primeiro em silêncio, mas logo surgem as primeiras provocações. Culpamos os dirigentes, os treinadores, os árbitros, os jogadores, os comentadores, o estádio, o relvado e até, em ocasiões especiais, a bola. Entretanto os que não ligam ao futebol sentam-se de maneira que lhes permita admirar as nossas reacções.

O hooliganismo aumenta praticamente na mesma proporção em que aumenta a idade de cada um. Há sempre um ou dois que deambula pela casa com uma garrafa de cerveja numa mão e uma coxa de frango na outra e que, de vez em quando, regressa à sala para provocar aqueles que no momento estão mais preocupados com o desenrolar dos acontecimentos.

Chega o intervalo para retemperar forças e logo voltar ao jogo.

Repetem-se as cenas da primeira parte. Aqueles para quem o desenrolar do jogo é perfeitamente indiferente tentam arranjar maneira de chamar a atenção dos outros, mas acabam por desistir e lá bebem mais uma cervejola.

O jogo acaba. Estamos todos exaustos, como se tivéssemos jogado. Faz-se o comentário do jogo e criticam-se as decisões tomadas ou as atitudes deste ou daquele.

Atacamos na mesa e, de repente acordamos do jogo e voltamos à realidade. Já ninguém quer saber do jogo. O jogo já passou. Voltamos à vida real. Aos impostos que temos de pagar, aos aumentos que muitos de nós já não recebem pelo segundo ano, à degradação das condições de trabalho, à prestação da casa que é preciso pagar, às férias que não vamos poder fazer, à prepotência do Governo, à situação internacional preocupante, etc.

O jogo, seja qual for o resultado, foi apenas um jogo, que nos ajudou a esquecer momentaneamente as nossas frustrações e preocupações, mas que rapidamente retomam o seu verdadeiro lugar na vida real. O futebol, apesar de muitos tentarem, já não é somente alienação, mas pode (e deve) ser um momento de sublimação que nos transporta para a realidade tão depressa como nos transportou para fora dela.

Está na hora de cada um regressar a casa. Independentemente do resultado do jogo e das cores clubísticas, cimentamos ainda mais a nossa amizade e cumplicidade. O jogo foi simplesmente um jogo, nada mais, e amanhã aí estaremos todos do mesmo lado da barricada a enfrentar a dura realidade da vida.

Não Quero

Magnífico texto de Mário Quintana. Ler e reflectir.

Não quero alguém que morra de amor por mim...
Só preciso de alguém que viva por mim, que queira estar junto de mim, me abraçando.

Não exijo que esse alguém me ame como eu o amo, quero apenas que me ame, não me importando com que intensidade.

Não tenho a pretensão de que todas as pessoas que gosto, gostem de mim...
Nem que eu faça a falta que elas me fazem, o importante pra mim é saber que eu, em algum momento, fui insubstituível...
E que esse momento será inesquecível...
Só quero que meu sentimento seja valorizado.

Quero sempre poder ter um sorriso estampando meu rosto, mesmo quando a situação não for muito alegre...E que esse meu sorriso consiga transmitir paz para os que estiverem ao meu redor.

Quero poder fechar meus olhos e imaginar alguém... e poder ter a absoluta certeza de que esse alguém também pensa em mim quando fecha os olhos, que faço falta quando não estou por perto.

Queria ter a certeza de que apesar de minhas renúncias e loucuras, alguém me valoriza pelo que sou, não pelo que tenho...
Que me veja como um ser humano completo, que abusa demais dos bons sentimentos que a vida lhe
proporciona, que dê valor ao que realmente importa, que é meu sentimento... e não brinque com ele.
E que esse alguém me peça para que eu nunca mude, para que eu nunca cresça, para que eu seja sempre eu mesmo.

Não quero brigar com o mundo, mas se um dia isso acontecer, quero ter forças suficientes para mostrar a ele que o amor existe...
Que ele é superior ao ódio e ao rancor, e que não existe vitória sem humildade e paz.

Quero poder acreditar que mesmo se hoje eu fracassar, amanhã será outro dia, e se eu não desistir dos meus sonhos e propósitos,talvez obterei êxito e serei plenamente feliz.

Que eu nunca deixe minha esperança ser abalada por palavras pessimistas...
Que a esperança nunca me pareça um "não" que a gente teima em maquiá-lo de verde e entendê-lo como "sim".

Quero poder ter a liberdade de dizer o que sinto a uma pessoa, de poder dizer a alguém o quanto é especial e importante para mim, sem ter de me preocupar com terceiros...
Sem correr o risco de ferir uma ou mais pessoas com esse sentimento.

Quero, um dia, poder dizer às pessoas que nada foi em vão... que o amor existe, que vale a pena se doar às amizades a às pessoas, que a vida é bela sim, e que eu sempre dei o melhor de mim... e que valeu a pena!!!

Mário Quintana