sexta-feira, 30 de novembro de 2012

A Sedução das Marionetas


Num dos recentes programas da "Quadratura do Círculo", António Costa afirmou:

“A situação a que chegámos não foi uma situação do acaso. A União Europeia financiou durante muitos anos Portugal para Portugal deixar de produzir; não foi só naspescas, não foi só na agricultura, foi também na indústria, por ex. no têxtil. Nós fomos financiados para desmantelar o têxtil porque a Alemanha queria (a Alemanha e os outros países como a Alemanha) queriam que abríssemos os nossos mercados ao têxtil chinês basicamente porque ao abrir os mercados ao têxtil chinês eles exportavam os teares que produziam, para os chineses produzirem o têxtil que nós deixávamos de produzir. E portanto, esta ideia de que em Portugal houve aqui um conjunto de pessoas que resolveram viver dos subsídios e de não trabalhar e que viveram acima das suas possibilidades é uma mentira inaceitável. Nós orientámos os nossos investimentos públicos e privados em função das opções da União Europeia: em função dos fundos comunitários, em função dos subsídios que foram dados e em função do crédito que foi proporcionado. E portanto, houve um comportamento racional dos agentes económicos em função de uma política induzida pela União Europeia. Portanto não é aceitável agora dizer… podemos todos concluir e acho que devemos concluir que errámos, agora eu não aceito que esse erro seja um erro unilateral dos portugueses. Não, esse foi um erro do conjunto da União Europeia e a União Europeia fez essa opção porque a União Europeia entendeu que era altura de acabar com a sua própria indústria e ser simplesmente uma praça financeira. E é isso que estamos a pagar!”

---------------------------------------------------------------------

Eu e muitos outros andamos a dizer o mesmo há décadas, mas é preciso ser o Sr. António Costa, que participou no regabofe, vir dizê-lo para que se comece a dar crédito ao que toda a gente sabe.

Este regabofe é de todos, desde os governos de Mário Soares, potenciado e explorado pelos de Cavaco Silva e continuado pelas treinadas juventudes carreiristas e partidárias que entretanto foram chegando ao poder, das quais os exemplos mais recentes são Sócrates e Passos Coelho, mas que já têm um sucessor na calha: António José Seguro.

Não devemos esquecer que os que estiveram antes deram um empurrãozito, ninguém tem o conta-quilómetros a zero. Admiro a coragem do António Costa nesta denúncia, mas não deixo de admirá-la de forma crítica. Todos sabem que o que disse António Costa é verdade, mas todos fecharam os olhos ou assobiaram para o lado, incluindo o próprio António Costa, pois a conjuntura não era favorável... E, para mim, isto sendo útil, também é falta de carácter.

Verdade é que temos sido governados por um partido que se mascara de dois para criar a ilusão de que há diferenças, quando na realidade é o obscuro que manipula os cordelinhos dos pseudo dois lobos com pele de cordeiro.

30 de Novembro de 2012
 
A SEDUÇÃO DAS MARIONETAS
Um dia prometeram-nos leite e mel.
O nosso país, e outros, em termos de desenvolvimento económico, viviam a anos-luz das três grandes potências da Europa: a Alemanha, a França e a Inglaterra. A Inglaterra, isolada na sua ilha, não deixou de estar atenta, mas não embarcou de imediato nesta proposta, tinha a Commonwealth.

Mas o crescimento económico não dura sempre, por isso aqueles países inventaram um modelo. Um modelo de desenvolvimento, de partilha e solidariedade, diziam. Tornaram-no atractivo: olhem para nós,
para o nosso desenvolvimento, para a nossa riqueza, nós queremos que vocês sejam como nós.

Criaram a CECA e depois a CEE, mais tarde a UE. Primeiro foi permitido que aderissem os parceiros mais próximos, aqueles que não exigiam investimento, mas que se mostraram igualmente "solidários" com esta ideia. Havia que alargar o grupo, dar-lhe homogeneidade, para assim convencer melhor os outros, aqueles que realmente interessavam. O trabalho é lento, mas profícuo.

Em cada um dos restantes países europeus, os ricos tinham os seus emissários, os
seus bons alunos. Alguns desses emissários até percebiam perfeitamente o que estava para além da ponta do iceberg, mas sentiram-se seduzidos pela ideia. Era a forma de chegarem ao poder e, pelo menos no seu quintal, serem donos e senhores, controlarem as suas próprias marionetas, mesmo sabendo que não deixavam de ser marionetas de outros. A ideia seduziu-os.

Vieram as ajudas. Primeiros para os comissários políticos da Europa da fartura, os quais tiveram os meios necessários para criar nos outros a inevitabilidade da adesão à nova ordem económica, a tal que nos traria riqueza e desenvolvimento. A pouco e
pouco, os povos europeus foram aderindo à ideia: Irlanda, Grécia, Portugal, Espanha, etc..

O dinheiro veio a rodos. Gastem, gastem, diziam, nós queremos que vocês fiquem rapidamente ao nosso nível, nós somos a Europa solidária, a Europa da fartura.

Os fundos chegaram. Construíram-se estradas, promoveram-se formações, aumentou-se o poder de compra dos neófitos, construíram-se algumas obras emblemáticas e
megalómanas. Era um maná vindo do céu.

No entanto aqueles que até percebiam onde se queria chegar deixaram-se seduzir, era melhor, bem melhor, do que a maçã-de-adão.

Para que nada falhasse fechou-se os olhos a oportunistas, pois quem tinha poder económico enriquecia rápida e facilmente, ajudava a criar a ilusão que a riqueza afinal era fácil, bastava esticar a mão de pedinte para que ela ficasse cheia de moedas. É a síndrome do novo-rico: se o dinheiro afinal é fácil para quê lutar por ele, basta abrir a boca. Cada vez mais gente via nesta ideia peregrina a solução de todas as suas frustrações, todos os seus males.

Quem tem um pouco mais de dinheiro tem sempre mais poder sobre os que têm menos. Acham.

A partir de certa altura começaram a mandar dinheiro para destruirmos a nossa agricultura, as nossas pescas. Era preciso escoar os seus produtos, por isso passavam a fornecer os novos países. Era mais barato e os produtos tinham uma aparência de melhor qualidade. Tudo muito bem apresentado, tudo muito bem embalado, tudo muito bem uniformizado.

As marionetas sentiram-se seduzidas.

Se há muito dinheiro há que gastar. Este princípio era alimentado incessantemente pelos que puxavam os cordelinhos.

Com o tempo o mercado voltou a saturar-se, até porque a economia não pode crescer indefinidamente e, lá para oriente, surgiram novos rivais e novas hipóteses de mercado. Os outros continuaram a gastar, mas ninguém se preocupou, porque quanto mais gastavam mais ficavam a dever e, se não pagassem, ficariam de novo na miséria, enquanto os países ricos continuavam a enriquecer, porque passaram a ver novos e maiores mercados nas economias emergentes: China, Índia, Brasil, etc..

Está na hora das marionetas seduzidas acordarem do seu torpor e perceberem que têm de cortar os fios que os controlam, por mais dourados que sejam.Está na hora de pensarmos em alternativas realmente sustentáveis e solidárias. Está na hora de pensarmos numa economia de recursos.

14 de Outubro de 2012

A Casa do Desgoverno

Na Casa do Desgoverno existem três famílias, ou melhor, três clubes. Um é azul, outro laranja e o terceiro rosa.

Estes clubes têm os jogadores e treinadores mais caros e exercem grande influência sobre a arbitragem. Contam ainda com a complacência do presidente da federação. São os que conseguem alienar a maioria dos adeptos.

O clube azul, joga duplo, tanto apoia o clube laranja, como o clube rosa, tudo depende daquele que lhe dá mais garantias de disputar as competições europeias.

Um deles gosta de criar a ilusão de que tanto está no jogo, como critica os árbitros, os treinadores e jogadores dos outros e até, numa ou outra ocasião, consegue o apoio do presidente da federação, mas continua a disputar o mesmo jogo. Assim é o clube rosa.

Os do clube rosa gostam de se intitular o principal clube da oposição e, com este argumento, conseguem confundir os adeptos que, mais preguiçosos ou melhor manipulados, acreditam que estes ainda podem ser alternativa àqueles.

Fora da Casa do Desgoverno existem outros clubes, os da segunda divisão, um é vermelho e o outro vermelho também, mas às vezes usa uns calções pretos. Dizem estes, e com alguma razão, que essa história de principal clube da oposição não passa de uma falácia, pois não é o número de adeptos que dita esse princípio, mas sim a coerência de jogo.

Moral da história: o que está mal neste campeonato é o sistema de jogo.

sexta-feira, 23 de novembro de 2012

CREDIBILIDADE

1. CREDIBILIDADE PARA QUÊ?

Por ela, para que creiam em nós, estamos dispostos a dar a vida? Mas, depois de mortos, quem pagará as nossas dívidas?

Era uma vez… Um grupo de ricos agiotas ultra “dinâmicos”que, insatisfeitos com o lento ritmo dos seus negócios, resolveu dinamizar os seus métodos de “marketing”para multiplicar a produtividade das suas vendas e a rentabilidade do seu único produto, o dinheiro.

Vai daí, iniciaram a sua grande inovação; anunciar ao Mundo, sobretudo ao Mundo dito atrasado, o grande mérito do crédito como factor de desenvolvimento, -“não hesitem, recorrer ao crédito é barato e dá milhões”- a propaganda tornou-se CREDÍVEL e, quem queria chegar rapidamente aos poderes de governar e ao prometido paraíso da abundância e do progresso, comprou a crédito (muitas vezes para arranjar votos ) todo o dinheiro que os agiotas lhes ofereceram.

À medida que a clientela aumentava, a procura intensificava-se. Com o aumento da procura, o preço do produto aumentou e chegou o dia em que os clientes perceberam que o dinheiro não tinha sido comprado, (perceberam que tinham alugado uma casa que não podiam pagar e iam ser despejados!).

Quando os agiotas começaram a perceber que iam ter dificuldades em reaver o “seu” dinheiro, assustaram-se e diminuíram a oferta, ao diminuir a oferta, ficou claro que a maioria dos clientes só podia pagar com novos empréstimos, estava descoberto a nível mundial, o sistema D. Branca.

Os ameaçados de despejo, para que os donos ganhassem confiança neles, disseram-lhe: não se assustem que nós vamos pagar dentro dos prazos, nem que para isso deixemos de comer…e começaram a pagar…só que, como o burro cigano, sem se alimentarem, um dia destes morrem…e aí, os agiotas, “que vão ao Tota”e limpem os restos por sua conta.

Claro que os donos – agiotas, que não são burros, teriam preferido receber nem que fosse metade do que lhe deviam, durante o dobro do tempo, mas para isso era preciso que os devedores tornassem CREDÍVEL junto dos agiotas a sua decisão de querer viver para lhes pagar as dívidas, com o que sobrasse da satisfação austera mas digna das suas necessidades vitais: Paz, pão, saúde e educação.

Mas… para que tal possa acontecer, todos os devedores temos de estar unidos e coesos, firmes e decididos a QUERER VIVER, PORQUE SÓ ASSIM GANHAREMOS A CREDIBILIDADE NECESSÁRIA PARA CONVENCER OS AGIOTAS DE QUE ESSA É, DE LONGE, A SOLUÇÃO QUE MAIS LHES INTERESSA.

É PRECISO ANULAR RAPIDAMENTE OS infiltrados “Cavalos de Tróia” dos credores, que nos dividem.

Enquanto alguns responsáveis pelos devedores estiverem dispostos a deixar morrer os seus, para com as vidas deles ir pagando os lucros dos agiotas, estes, de imediato, agarrar-se-ão a eles como seus verdadeiros intermediários, capazes de ir defendendo os seus interesses, mesmo à custa das vidas daqueles que dizem defender, anulando dessa forma toda a possibilidade de entendimentos pacíficos e justos, para ambas as partes.

2. CREDIBILIDADE PARA QUEM?

Diz o Gaspar e seus colegas, que é necessário cortar de maneira permanente, mais quatro mil milhões de euros por ano na despesa.

Diz o Expresso desta semana, que os encargos (despesa) com os juros da dívida são, este ano, sete mil cento e sessenta e quatro milhões, ou 56% dos encargos com a dívida.

Assim sendo, grosso modo, o custo total com os juros da nossa dívida deve rondar os 12,5 mil milhões. Se em vez de pagar 56%, pagarmos 30%,cerca de três mil setecentos e cinquenta milhões, e se cortássemos, não 4 mil milhões, mas apenas dois mil milhões, podíamos investir os outros dois mil milhões sobrantes, em apoio ao desenvolvimento produtivo.

SENHORES CREDORES Avaliando as nossas reais possibilidades e no vosso próprio interesse, DECIDIMOS:

a) poupar e arranjar trabalho para todos nós.
b) acumular riqueza para desenvolver a economia.
c) aumentar o nosso PIB, para diminuir o peso do encargo da dívida na nossa economia, facilitando dessa maneira,a nossa capacidade de vos pagar.
d) congelar pelos valores da presente data,o montante global em dívida.
e) que o valor anual a pagar pelos encargos da dívida, não pode ultrapassar os 30% do total, (cerca de 3.750 milhões) durante os dois primeiros anos, com um aumento progressivo igual ao da nossa capacidade de amortização do capital em dívida, até à sua liquidação.

A nossa decisão, é uma decisão caucionada por todas as forças representantes do conjunto da Nação Portuguesa, profundamente convictos de ser a melhor das soluções em defesa dos interesses dos nossos credores e da sobrevivência do nosso povo, sem a qual, o prejuízo dos credores será total.

Camilo Mortágua

quarta-feira, 21 de novembro de 2012

As Donas Doroteias afinal andam por aí...

Há alguns dias estava a falar, numa aula de História de 9º ano, sobre a mudança de mentalidade que ocorreu entre os anos 20 e 30 do século passado, relacionando com o conflito de gerações, que ainda hoje está bem vivo. Neste contexto sugeri aos meus alunos para verem alguns episódios da telenovela "Gabriela", nomeadamente os diálogos da personagem Malvina, pois assim, por mais hábil que eu fosse a transmitir-lhe a ideia, perceberiam bem melhor o que estava em causa e o que mudou.

Como essa novela passa um pouco tarde, para quem tem de se levantar cedo no dia seguinte para vir para as aulas, sugeri que gravassem e vissem numa altura mais propicia.

Em minha modesta opinião até deveriam ver com os pais e no fim conversar sobre o que todos acabaram de ver, pois talvez fosse uma boa maneira de aproximar pais de filhos.

Ora, passados dias, algumas encarregadas de educação queixaram-se à Directora de Turma que o professor de História tinha aconselhado os(as) filhos(as) a verem essa novela "degradante" (palavra minha) e atentatória da moral e dos bons costumes.

Fiquei surpreendido? Não! Como é possível ficar surpreendido com uma atitude destas? A crítica tem todo o sentido, pois ver a "Gabriela" é de facto atentatório da moral e bons costumes. Como se pode pensar que a mulher deve emancipar-se em relação ao homem, que deve ter opinião própria e liberdade de escolha. Como pode a mulher pôr em causa a autoridade, leia-se autoritarismo, dos pais, dos governos, etc., por mais absurda que possa ser. Como pode a mulher ter a veleidade de exigir um tratamento igual ao do homem.

Além do mais, se os(as) filhos(as) estivessem a ver a "Gabriela", como é que os pais poderiam estar a ver "A Casa dos Segredos", esse sim um programa educativo e altamente dignificante da condição humana, onde podemos ver exemplos de vida que todos devemos esperar para os nosso filhos, os quais se espera, orgulhosamente, que cresçam com os valores que realmente interessam à sociedade.

Como pode ser verdade que passadas tantas décadas não se tenha passado de mascarar uma realidade em vez de a mudar simplesmente. Quem está errado serei eu, pela certa, que incentivo os meus alunos à subversão.

Agora sim, compreendo como este país pode estar mergulhado durante 48 anos num mundo de obscurantismo, de submissão, de falsidade, de hipocrisia, de bufos, de delatores e de censores.

sexta-feira, 2 de novembro de 2012

O Sistema de Jogo


Na Casa do Desgoverno existem três famílias, ou melhor, três clubes. Um é azul, outro laranja e o terceiro rosa.

Estes clubes têm os jogadores e treinadores mais caros e exercem grande influência sobre a arbitragem. Contam ainda com a complacência do presidente da federação. São os que conseguem alienar a maioria dos adeptos.

Um deles gosta de criar a ilusão de que tanto está no jogo, como critica os árbitros, os treinadores e jogadores dos outros e até, numa ou oura ocasião, consegue o apoio do presidente da federação, mas continua a disputar o mesmo jogo. Assim é o clube rosa.


Os do clube rosa gostam de se intitular o principal clube da oposição e, com este argumento, conseguem confundir os adeptos que, mais preguiçosos ou melhor manipulados, acreditam que estes ainda podem ser alternativa àqueles.

O clube azul, tanto apoia o clube laranja como o clube rosa, apoia aquele que lhe permite ir às competições europeias.

Fora da Casa do Desgoverno existem outros clubes, os da segunda divisão, um é vermelho e o outro vermelho também, mas às vezes usa uns calções pretos. Dizem estes, os da segunda divisão, e com alguma razão, que essa história de principal clube da oposição não passa de uma falácia, pois não é o número de adeptos que dita esse princípio, mas sim a coerência de jogo.

Moral da história: o que está mal neste campeonato é o sistema de jogo.