segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012

A Legalização do Roubo

A sensação que tenho é que, nos últimos dois séculos, não vivemos uma mudança estrutural, seja ela social, política ou económica, mas que vivemos numa conjuntura de longa duração.

Os princípios da revolução Francesa: Liberdade, Igualdade e Fraternidade; soam hoje a algo de falso, soam a algo que serviu simplesmente para empalear e perpetuar os mesmo no poder, isto é, os ricos e poderosos, sejam eles a burguesia, a nobreza, ou simplesmente os tipos do dinheiro.

Dizem que estamos em crise. Será? Olhem à vossa volta e digam-me onde faltam os recursos?

Os recursos faltam onde falta o dinheiro, isto é, eles existem, mas só os podem alcançar quem tem acesso ao dinheiro, quero com isto dizer que para aqueles que inventaram o dinheiro e o manipulam nunca faltaram os recursos. Para os detentores do poder económico, nada melhor do que alimentar uma crise, do que criar uma crise, pois é à custa dessa crise fictícia que o seu poder económico vai aumentar e, consequentemente, o seu poder político e social.

A democracia, esta democracia, é mais uma invenção do poder para ludibriar as pessoas e fazê-las ceder à chantagem de um nome, digo, de um nome vazio, pois a forma sobrepõe-se ao conteúdo.

Já na Grécia Antiga, em Atenas, a democracia, o governo do povo e para o povo, era uma forma de os cidadãos atenienses, apenas 10% da população ateniense, dividirem entre si a riqueza ociosa à custa do trabalho, do negócio, dos restantes habitantes da pólis, achando perfeitamente normal a existência de escravos (cerca de metade da população ateniense), assim como se achava normal a falta de direitos para todas as mulheres, mesmo para as mulheres dos cidadãos. Hoje a proporção entre os detentores do poder e da riqueza e os restantes é bem menor. Chamam a isto progresso? Tecnológico sim, mas e humano?

Tentando fugir ao anacronismo histórico, pergunto se os atenienses teriam consciência das desigualdades da sua sociedade dita democrática, da mesma forma me questiono que a actual Humanidade não tem, não deve ter, consciência dessas desigualdades. Quer numa situação quer na outra, o que impede o desenvolvimento do espírito crítico é a educação. A educação formata o Homem para responder ao que se espera dele, não para criticar e transformar o mundo que nos rodeia.

Se a educação condiciona a instrução liberta.

A sociedade actual é composta por quatro círculos, os quais podem ser concêntricos, secantes, tangentes ou até mesmo divergentes: no centro estão os homens do dinheiro, os que realmente detêm o poder; o segundo círculo é composto pelos sabujos que comem das migalhas daqueles, a troco do formarem uma opinião pública favorável aos interesses dos primeiros, este círculo é constituído pelos políticos profissionais, pelos fazedores de opinião, pelos oportunistas, pelos homens de cultura comprometida, pelos pseudo intelectuais e pelos self made men; um terceiro círculo divergente destes dois primeiros é um círculo marginal, composto por aqueles que contestam o status quo, mas que têm opinião sobre uma sociedade diferente baseada em princípios diferentes, aqueles que pretendem contrariar a lógica dos vencedores, este grupo é constituído por todos aqueles que acreditam que é necessário construir um novo paradigma contrariando aquele em que assenta a actual dita Humanidade, um paradigma baseado nos recursos e não no dinheiro e na posse, este grupo de marginalizados é constantemente abafado pela "polícia" de choque do círculo anterior, o qual tem ao seu alcance armas muito mais poderosas excepto a força da razão; finalmente o último círculo, esmagadoramente maioritário, é constituído por uma imensa massa amorfa e acéfala, fruto de uma educação milenar de subserviência, de falsas necessidades, da criação de um produto facilmente manipulável, ao qual facilmente se podem criar pseudo ilusões, ou pseudo necessidades, para que possam servir os interesses do primeiro círculo, muitos dos que pertencem a este círculo começam, aos poucos e poucos, a despertar desta letargia e começam a prestar mais atenção ao mundo à sua volta, começando a olhar para o círculo anterior como um círculo de libertação e não como um inimigo como os restantes o educaram para aceitar.

Sempre foi assim. Não é o que desde sempre nos disseram? Pois está na hora de começarmos a pensar que tudo pode ser de maneira diferente.

O roubo está agora legalizado, não me refiro ao roubo do dinheiro, mas sim ao roubo dos recurso, que são de todos, e ao roubo das consciências.

Está nas tuas mãos começar a mudar este estado das coisas.

sábado, 25 de fevereiro de 2012

ET