terça-feira, 30 de outubro de 2012

Dragões de Ouro 2012

 Por um simples acaso, ao fazer um zapping deparo com a entrega dos Dragões de Ouro no Porto Canal.

Surpreendido, fiquei a ver um bocado. Os meus parabéns a todos os atletas galardoados e também àqueles que ainda o não foram, mas que tem um
comportamento cívico e desportivo igualmente notável e exemplar.

Lamentável, francamente lamentável, é que o meu clube dê tempo de antena a um cobarde como Durão Barroso, que deixou o país à deriva para se ir abotoar com as mordomias da União Europeia, mesmo que não passe de um simples moço de recados do grupo de Bilderberg.

Lamentável, francamente lamentável, é que o meu clube dê tempo de antena ao chico espertismo do Miguel Relvas, campeão das aldrabices.

Nós portistas já não somos indivíduos de beijar a mão a um qualquer cacique, por muito admiração que tenhamos pelo desempenho que tenha à frente do nosso clube e, para mim, ver aqueles duas pessoas, no que devia ser a festa do portismo e dos portista, é uma mancha que ensombra aquele evento.


domingo, 21 de outubro de 2012

Agir Localmente, mas Pensar Globalmente


O problema das sociedade actuais é global, mas isso não deve evitar que não está nas nossas mãos fazermos algo para mudar o rumo da história. Se o problema é global, e é, então temos de agir localmente, para que esta acção se propague a todos os cantos do globo e assim estender a revolução, não podemos esperar que todas as condições estejam reunidas para avançar.

Quando uma situação não tem a sua expressão global, acontece o mesmo que aconteceu em Cuba. Cuba teve condições e homens capazes de avançar, mas o resto do mundo fechou-lhe as portas e por isso a revolução cubana ficou isolada e hoje, graças ao bloqueio económico dos EUA e ao fechar de olhos do resto do mundo, Cuba está de facto isolada e o seu desenvolvimento económico está comprometido, daí a necessidade também de pensar globalmente e não acusar Fidel ou Che de erros, que os houve e há, sem dúvida, mas de combater os que globalmente têm o desplante de usar os povos do mundo como se fossem donos e senhores do mundo e os restantes povos fossem apenas uns animalzinhos que vivem na sua quinta.

Não temos um Che, pois não, mas muitos que hoje defendem o Che, combateram-no enquanto vivo. Sou grande admirador do Che, do seu pensamento e da sua acção, mas como ateu que sou não endeuso ninguém, não presto culto da personalidade a ninguém, mas não nego que a minha admiração pelo Che vai para além do racional, assim como por Gandhi, mas todos os "ídolos" têm pés de barro, felizmente uns menos do que outros e é destes que devemos beber e aprender a agir, não nos podemos ficar pelas intenções, há mesmo que agir, essa foi a grande lição de homens como Che e Gandhi. Não podemos estar à espera dos "Ches", eles aparecem quando a dinâmica do povo vai no sentido de dar voz aos seus legítimos anseios.

Os povos, os oprimidos, os que lutam e trabalham arduamente dia a dia, sem que o seu trabalho seja reconhecido pelos falsos patriotas que tudo sugam, os capitalistas. Já Lenine dizia: Proletários de todo o Mundo uni-vos! O capital tem sido bem mais inteligente, infelizmente, do que o trabalho. O capital age localmente (condiciona, manipula, etc) mas pensa globalmente, por isso é que se tem mantido no poder. Quanto ao trabalho, mesmo que perceba o que se passa, deixa-se cair em ilusórias acções, muita palavra e pouca acção, anda mais preocupado com a cor da camisola que cada um usa, se é verde, preta, vermelha ou outra, se anda de fato e gravata, de calças de ganga, esfarrapado ou de sotaina, enfim o trabalho anda preocupado com as aparências em vez de se preocupar com a essência. Quem é que se aproveita desta divisão? Claro que sabem a resposta.

O meu patriotismo é a solidariedade com todos os trabalhadores, sobretudo os que ousam lutar contra a arrogância do poder e do capital, não é o patriotismo daqueles que aceitam que as suas quintas (países) sejam a essência, isso foi mais uma falácia que os donos das quintas inventaram, acho que todos conhecem a frase: dividir para reinar.

Eu sou um cidadão do mundo, mas talvez alguns ainda se lembrem de uma outra frase tão cara a Lenine e com a qual concordo totalmente: internacionalismo proletário. Ser cidadão do mundo é defender o internacionalismo proletário. Gostar do local onde nascemos é amor, são as nossas raízes, mas tal como a criança se liberta dos pais, nós temos de nos libertar das nossas raízes, por mais que as amemos, se queremos ir mais além.

    

domingo, 14 de outubro de 2012

A SEDUÇÃO DAS MARIONETAS


Um dia prometeram-nos leite e mel.

O nosso país, e outros, em termos de desenvolvimento económico, viviam a anos-luz das três grandes potências da Europa: a Alemanha, a França e a Inglaterra. A Inglaterra, isolada na sua ilha, não deixou de estar atenta, mas não embarcou de imediato nesta proposta, tinha a Commonwealth.

Mas o crescimento económico não dura sempre, por isso aqueles países inventaram um modelo. Um modelo de desenvolvimento, de partilha e solidariedade, diziam. Tornaram-no atrativo: olhem para nós, para o nosso desenvolvimento, para a nossa riqueza, nós queremos que vocês sejam como nós.

Criaram a CECA e depois a CEE, mais tarde a UE. Primeiro foi permitido que aderissem os parceiros mais próximos, aqueles que não exigiam investimento, mas que se mostraram igualmente "solidários" com esta ideia. Havia que alargar o grupo, dar-lhe homogeneidade, para assim convencer melhor os outros, aqueles que realmente interessavam. O trabalho é lento, mas profícuo.

Em cada um dos restantes países europeus, os ricos tinham os seus emissários, os seus bons alunos. Alguns desses emissários até percebiam perfeitamente o que estava para além da ponta do iceberg, mas sentiram-se seduzidos pela ideia. Era a forma de chegarem ao poder e, pelo menos no seu quintal, serem donos e senhores, controlarem as suas próprias marionetas, mesmo sabendo que não deixavam de ser marionetas de outros. A ideia seduziu-os.

Vieram as ajudas. Primeiros para os comissários políticos da Europa da fartura, os quais tiveram os meios necessários para criar nos outros a inevitabilidade da adesão à nova ordem económica, a tal que nos traria riqueza e desenvolvimento. A pouco e pouco, os povos europeus foram aderindo à ideia: Irlanda, Grécia, Portugal, Espanha, etc..

O dinheiro veio a rodos. Gastem, gastem, diziam, nós queremos que vocês fiquem rapidamente ao nosso nível, nós somos a Europa solidária, a Europa da fartura.

Os fundos chegaram. Construíram-se estradas, promoveram-se formações, aumentou-se o poder de compra dos neófitos, construíram-se algumas obras emblemáticas e megalómanas. Era um maná vindo do céu.

No entanto aqueles que até percebiam onde se queria chegar deixaram-se seduzir, era melhor, bem melhor, do que a maçã-de-adão.

Para que nada falhasse fechou-se os olhos a oportunistas, pois quem tinha poder económico enriquecia rápida e facilmente, ajudava a criar a ilusão que a riqueza afinal era fácil, bastava esticar a mão de pedinte para que ela ficasse cheia de moedas. É a síndrome do novo-rico: se o dinheiro afinal é fácil para quê lutar por ele, basta abrir a boca. Cada vez mais gente via nesta ideia peregrina a solução de todas as suas frustrações, todos os seus males.

Quem tem um pouco mais de dinheiro tem sempre mais poder sobre os que têm menos. Acham.

A partir de certa altura começaram a mandar dinheiro para destruirmos a nossa agricultura, as nossas pescas. Era preciso escoar os seus produtos, por isso passavam a fornecer os novos países. Era mais barato e os produtos tinham uma aparência de melhor qualidade. Tudo muito bem apresentado, tudo muito bem embalado, tudo muito bem uniformizado.

As marionetas sentiram-se seduzidas.

Se há muito dinheiro há que gastar. Este princípio era alimentado incessantemente pelos que puxavam os cordelinhos.

Com o tempo o mercado voltou a saturar-se, até porque a economia não pode crescer indefinidamente e, lá para oriente, surgiram novos rivais e novas hipóteses de mercado. Os outros continuaram a gastar, mas ninguém se preocupou, porque quanto mais gastavam mais ficavam a dever e, se não pagassem, ficariam de novo na miséria, enquanto os países ricos continuavam a enriquecer, porque passaram a ver novos e maiores mercados nas economias emergentes: China, Índia, Brasil, etc..

Está na hora das marionetas seduzidas acordarem do seu torpor e perceberem que têm de cortar os fios que os controlam, por mais dourados que sejam.

Está na hora de pensarmos em alternativas realmente sustentáveis e solidárias, está na hora de pensarmos numa economia de recursos.