Nos passados dias 4, 5 e 6 de Julho realizou-se em Arouca, pelo quinto ano consecutivo uma recriação histórica alusiva aos inícios do século XIX (cerca de 1830).
Esta iniciativa nasceu há cinco anos por proposta dos Drs. Afonso Veiga e António Vilar e a partir do terceiro ano passou a contar com o apoio da Câmara Municipal de Arouca (sinceramente não sei se este apoio acontece desde início, mas talvez sim). Desde há três anos que a dramaturgia, encenação e pesquisa histórica têm estado a cargo do meu grande amigo José Carretas.
José Carretas e Margarida Wellenkamp, dois
dos principais responsáveis pelo êxito deste evento
Este ano fui pela primeira vez a Arouca para assistir a um dos dias desta recriação, mais precisamente o segundo, e fiquei com vontade de, no próximo ano, assistir ao pleno desta magnífica recriação histórica.
Esta recriação histórica tem, a meu ver duas vertentes: os usos e costumes da época e o seu dia-a-dia; uma história político-amorosa com fundamento real.
A recriação desenrola-se no terreiro em frente ao Mosteiro de Arouca dividido por um casario. É sobretudo no terreiro contíguo ao Mosteiro e no interior do próprio Mosteiro que se desenrolam as cenas dramáticas. Neste espaço podemos ver em plena laboração oficinas artesanais de acordo com os métodos de produção da época. No terreno atrás do casario fronteiro ao Mosteiro desenrola-se uma feira e existem barracas de comes e bebes à semelhança do que aconteceria na época recriada.
É neste espaço que se desenrola a história político-amorosa. Aqui é feito prisioneiro e posteriormente enviado para Lamego e mais tarde para Viseu, onde será executado, Frei Simão de Vasconcelos, o frade guerrilheiro que luta pelos valores do liberalismo contra o absolutismo monárquico miguelista.
A vertente amorosa tem a ver com o recolhimento da jovem fidalga, Dona Briolanja, que após a morte dos pais pretende tomar votos e para tal se refugia no Mosteiro de Arouca. Surgem, vindos de Lisboa um jovem fidalgo seu primo que pretende demover Briolanja deste fim triste para moça tão bela. Como ele próprio diz, se a prima se refugiar no Mosteiro será como uma flor sem Sol, murchará. Entretanto, surge também um tio de Briolanja, o conde Vasconcelos e sua esposa Francisca, que pretendem apoiar a sobrinha na sua decisão de se dedicar à vida monástica e simultaneamente obter uma procuração da sobrinha que lhe permita tratar das suas terras.
Toda a dramaturgia gira em volta desta história, misturando-se algumas cenas picarescas como a do jogo da vermelhinha e o dia-a-dia de Arouca daquela época. As picardias entre o conde Vasconcelos e as entidades civis da região.
Muito mais haveria para contar, mas infelizmente não existe um folheto que conte a história que se passa à nossa frente. Sugere-se que no próximo ano seja distribuído aos visitantes um folheto com o essencial da história.
Tudo o que aqui se relata está, com certeza, cheio de lacunas, pois foi fruto da observação directa de um dos dias da recriação e das conversas fugazes tidas com o Zé Carretas, que andava atarefado de um lado para o outro para que nada do programado falhasse.
De assinalar que a maioria dos actores são populares de Arouca que interiorizam magnificamente os papéis que lhes estão destinados, de tal forma que o forasteiro ou visitante se sente como que um fantasma que viajou no tempo e vagueia pela história sem ser visto, apenas observa no papel de voyeur. Curiosamente numa das cenas mais fortes a que assisti, a entrada de Frei Simão em Arouca a caminho de Lamego, a população local e visitante da recriação deixa-se envolver e toma partido, o partido da liberdade.
Foto-reportagem (possível)
O recinto, o ambiente, o almocreve, o artesanato e a feira.
Os cantadores e cantadeiras, a vermelhinha, os robertos e o escrivão.
Abrem-se as portas, dá-se início à recriação.
A cozinha do Mosteiro.
A botica do Mosteiro.
A sala de jantar do Mosteiro.
Nos claustros eis que surge, entre as monjas, Dona Briolanja.
Monjas, noviças, criadas e enferma.
A história: jovem fidalgo, conde Vasconcelos, Briolanja e outros personagens.
Passagem por Arouca do frade guerrilheiro, combatente da liberdade, Frei Simão de Vasconcelos.
E mais não foi possível registar porque, amador como sou (o que ama não pensa nas consequências), acabou-se a bateria da máquina fotográfica. Fica a promessa de que para o ano tentarei fazer uma reportagem completa de toda esta extraordinária recriação histórica.
1 comentário:
Fantástico!
Melhor, não podia ser!...
Nós, os de cá desta banda do rio,também mantemos uma tradição muito antiga; as famosas Romarias ao Sr. da Pedra. É muito bonito. Para o ano se tiveres tempo, vem ver.
Um abraço
Alexandra
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