sábado, 19 de fevereiro de 2011

Dia da Libertação


Quantas vezes olhamos para o prisioneiro, o prisioneiro de ideias, de palavras, de amor... e perguntamos: Porque não te libertas?

Ao que ele nos responde: Para me libertar tenho de ter consciência de que sou prisioneiro.

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A verdade é que nem sempre é fácil a percepção de que se é prisioneiro pois, na maior parte dos casos, o carcereiro faz-te pensar que o prisioneiro é ele. Ele, o carcereiro, deu-te tudo, deu-te uma casa, deu-te um lar, deu-te um filho, deu-te amor, e tu? O que lhe deste tu?

O carcereiro alguma vez te amou para além de palavras ocas pronunciadas em momentos de ocasião? O carcereiro alguma vez te deu ouvidos simplesmente para te ouvir e não para que concordasses com ele? O carcereiro alguma vez te deu uma palavra quando tu mais precisavas?

O carcereiro urdiu uma teia, juntamente com os seus apaniguados. Uma teia que te amordaçou, uma teia que te secou as ideias, uma teia que te fez sentir carcereiro do teu carcereiro.

Faz hoje anos que iniciaste a tua luta pela libertação. Foi dura e difícil a libertação, também por isso tem muito mais valor. Inicialmente nem tiveste consciência disso. Não tinhas consciência de que te encontravas aprisionado, num mundo e num modelo que não era o teu. Achavas que o amor quebraria todas as barreiras. Estavas enganado e confuso com as tuas próprias ideias. Acreditaste quando te disseram "Amo-te" que isso era mesmo verdadeiro. Pior, o teu carcereiro também acreditou.

Entraste em desespero e cometeste loucuras porque amavas. Quase destruíste a tua vida. Quase te auto-destruíste. Por quê? Para quê?

Não venceste o desespero e a angústia sozinho, alguém colheu a flor do seu jardim e cuidou de ti. E tu? Sim tu o que fizeste? ganhaste asas de novo e partiste. Partiste para voar. Sim para voar.

Eras prisioneiro e libertaste-te, não te tornes agora carcereiro.

Voa, mas não esqueças nunca os que te deram asas, aqueles que te amaram pelo que eras, e és, e não pelo que gostariam que fosses, alguém amorfo e dócil, incapaz de ter vontade própria e que deveria sempre sujeitar-se à vontade do seu carcereiro.

Por fim agradece ao teu carcereiro, pois foi ele que, cansado de te aturar, cansado de te ter por prisioneiro, te lançou para a sarjeta, pensado que te irias afundar, enganou-se, por isso lhe deves agradecer, pois foi ele que fez despertar em ti a consciência de que eras seu prisioneiro e isso deu-te a força suficiente para lutar pela tua libertação.

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