Já estamos no dia seguinte ao dia seguinte do referendo. O que quer dizer que a pílula do dia seguinte, provavelmente, já não faz efeito.
Depois do choque dos resultados do referendo do passado dia 11, sim porque eu fiquei chocado com o facto de só terem votado pouco mais de 40% dos portugueses. Bem chocado é como quem diz, já estou habituado, senão vejamos: durante décadas os portugueses foram ensinados a abdicar de pensar, a serem obdientes porque o chefe tratava de tudo. Mesmo depois da boa hora em que um punhado de portugueses mais resoluto, sem se preocupar em discutir o sexo dos anjos, resolveu mandar o chefe embora, os outros, a maioria, ficaram com a matriz da chapelada.
É que nas outras eleições sempre se trata de votar para o emprego do senhor doutor lá da santa terrinha, tudo bem, mas agora nestes referendos...
Ora sendo assim, aí vão eles, todos afoitos, a correr para as urnas a deitar o seu votinho, às vezes o da família toda, para dar ao dito cujo o empreguinho que ele tanto precisa. É claro que... depois pode precisar dele para lhe pedir um emprestimozito, ou um empregozito para o rebento ou até para lhe arranjar um desmanchozito por causa daquele azar que teve com a Maria, a filha da cunhada. Mas que chatice.
Agora quando é para tomar uma decisão, para dar a cara, para assumir uma posição, isso é que não, só se for no futebol (que é a coisa mais séria que existe no País) ou se o senhor doutor pedir: - Oh Manel vai lá votar, que eu preciso do teu voto e deus nosso senhor agradece, lembra-te dos ensinamentos do teu pai que sempre te disse que devias obedecer aos poderosos e ser temente a deus.
Ora bolas Manel. Acorda Manel! Estes gajos estão a comer-te as papas na cabeça. Deixa de pensar no teu mundo pequeno, pequenino, que o teu umbigo não é o centro do Universo.
Vota por ti Manel. Acorda Manel! Acorda Maria! Olha para lá do horizonte. Participa! Torna-te um cidadão não um súbdito.
NOTA: Não pretendo discriminar as zonas rurais das urbanas, o interior do litoral, apenas peguei em algumas imagens de infância de um País que remava contra a maré, porque maneis, marias e senhores doutores havia e há por todo o lado e chapeladas também. Apenas pretendi desmascarar uma situação: a incapacidade de muitos portugueses em assumir o destino com as suas próprias mãos.
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