sexta-feira, 12 de setembro de 2008

Não à Indiferença

O meu nome é "Sara"
Tenho 3 anos
Os meus olhos estão inchados,
Não consigo ver.

Eu devo ser estúpida,
Eu devo ser má,
O que mais poderia pôr o meu pai em tal estado?

Eu gostaria de ser melhor,
Gostaria de ser menos feia.
Então, talvez a minha mãe me viesse sempre dar miminhos.

Eu não posso falar,
Eu não posso fazer asneiras,
Senão fico trancada todo o dia.

Quando eu acordo estou sozinha,
A casa está escura,
Os meus pais não estão em casa.

Quando a minha mãe chega,
Eu tento ser amável,
Senão eu talvez levaria
Uma chicotada à noite.

Não faças barulho!
Acabo de ouvir um carro,
O meu pai chega do bar do Carlos.

Ouço-o dizer palavrões.
Ele chama-me.
Eu aperto-me contra o muro.

Tento-me esconder dos seus olhos demoníacos.
Tenho tanto medo agora,
Começo a chorar.

Ele encontra-me a chorar,
Ele atira-me com palavras más,
Ele diz que a culpa é minha, que ele sofra no trabalho.

Ele esbofeteia-me e bate-me,
E berra comigo ainda mais,
Eu liberto-me finalmente e corro até à porta.

Ele já a trancou.
Eu enrolo-me toda em bola,
Ele agarra em mim e lança-me contra o muro.

Eu caio no chão com os meus ossos quase partidos,
E o meu dia continua com horríveis
palavras...

"Eu lamento muito!", eu grito
Mas já é tarde de mais
O seu rosto tornou-se num ódio inimaginável.

O mal e as feridas mais e mais,
"Meu Deus por favor, tenha piedade!
Faz com que isto acabe por favor!"
E finalmente ele pára, e vai para a porta,

Enquanto eu fico deitada,
Imóvel no chão.

O meu nome é "Sara"
Tenho 3 anos,
Esta noite o meu pai *matou-me*.



Existem milhões de crianças que, assim como a "Sara", são maltratadas e mortas, mas tu podes ajudá-las.

Tudo o que peço, é para enviar aquele poema, cujo autor desconheço, aos teus contactos, de reconhecer que estas coisas acontecem e que pessoas como o pai da "Sara" vivem na nossa sociedade. Mas sobretudo que não fiques calado(a).

Faz passar este poema, porque mesmo se isto parece de doidos talvez possa mudar, mesmo que indirectamente as nossas vidas. Se tiveres conhecimento de alguma situação de abuso ou violência, sobre crianças ou adultos indefesos, denuncia-a, de outra forma estás a colaborar com os criminosos.

Aproveitando a sugestão do meu amigo Neves de A Voz do Seven (link na lista Amigos e Outros Blogs), deixo-vos aqui este excelente vídeo.



Não fiques calado(a)!

5 comentários:

Anónimo disse...

Que se alevantem todas as vozes e que descarreguem à vontade sobre o meu escrito, mas antes de mais tenho que gritar que estou farto de só ver o pai a ser o mau da fita em tudo que de mal toca aos filhos... PORRA... sinto-me ofendido... e em tempos de mães que abandonam filhos para ir curtir bem poderiam mudar o disco ou então ficcionar exemplo em que o mal seja dividido pelos dois.
Adiante.
Apesar de tudo recebo a mensagem que no entanto há muito está assimilada e não sou eu que me calaria. A violência doméstica é um problema social em crescendo que, ao contrário do que muita gente possa pensar, não "ataca" apenas as classes de estratos mais baixos e nem apenas os que possam ser "possuídos" por álcool ou drogas. As mudanças dos hábitos familiares convencionais e o ritmo de vida acelerado nas sociedades modernas tomaram conta de nós e, infelizmente, deixamos de ver o filho como carne da nossa carne e sim um impecilho causador das nossas não realizações pessoais e profissionais.
Devemos sim estar atentos e denunciar, nomeada e especialmente os profissionais de creches e jardins de infância.

Mário Monteiro disse...

Claro Neves, mas repara que tudo está em sentido figurado, como sabes eu também sou pai de 3 filhos e não me sinto ofendido com este poema.

Repara no meu texto (a branco) eu digo denunciem qualquer "situação de abuso ou violência sobre crianças ou adultos indefesos", isto é, os pais, as mães, seja quem for e que tipo de violência ou abuso que seja feita sobre seres indefesos, sejam crianças ou adultos.

Aquele abraço transatlântico.

Mário

Anónimo disse...

É figurado é, só que o sentido é sempre o mesmo... bom, adiante... fica aqui a ligação a 45 segundos de vídeo que anda por lá no Voz e que quase ninguém vê pais animais.

Jacques Marlon disse...

Bom Dia,

Importa-se de "publicar" este "artigo" no Eborâguebi?

lmr

Mário Monteiro disse...

Claro que não me importo