No próximo dia 30 de Maio irá, mais uma vez, realizar-se uma grandiosa manifestação nacional de professores pelas ruas de Lisboa.
Não pretendo desmobilizar ninguém e estou solidário com todos os colegas que irão estar presentes, mas eu não vou.
Não vou por causa de afazeres pessoais, mas também porque estou cansado de ver participar largos milhares de professores e depois ver desbaratada, desperdiçada mesmo, esta mobilização de professores, quase unânime, em relação às políticas educativas deste e de anteriores ministérios.
Faz-se uma primeira manifestação com cerca de 100 mil professores e no dia seguinte os sindicatos estão a assinar um protocolo com o ministério. Mais para o final do ano realizam-se duas manifestações, uma delas com mais de 120 mil professores, em vez de se realizar uma única. Divide-se e contam-se espingardas onde se devia unir e pressionar o ministério.
Depois destas grandiosas manifestações realizam-se duas greves simbólicas de um dia em vez de avançar imediatamente para uma paralisação total até às últimas consequências, isto é, trata-se com paninhos quentes quem nos enxovalha no dia-a-dia.
Anuncia-se agora mais uma manifestação e uma greve parcial repartida por tempos lectivos. Criam-se ilusões.
Claro que participarei nas paralisações, estou solidário com todos os colegas que ainda acreditam que é desta forma que se alcançam os nosso objectivos.
A minha luta não é simbólica, por isso tento colocar pedras na engrenagem onde elas devem ser colocadas: no local de trabalho.
Este modelo de avaliação está derrotado, apenas sobrevive à custa de ilusões, não é um modelo que valoriza a profissão docente, mas que estabelece cotas para a progressão na carreira.
Mais papel, menos papel, este processo de avaliação é em tudo idêntico ao anterior, apenas impede que 25% dos professores, mesmo que avaliados com excelente ascendam ao topo da carreira, e acentua desigualdades, pois numa escola pode haver cotas suficientes para a progressão e na escola ao lado não, o que permitirá, por exemplo, que numa determinada escola professores avaliados com Muito Bom ou Bom progridam e, na escola vizinha, professores avaliados com Excelente fiquem impedidos de progredir, porque as cotas de progressão foram insuficientes.
Não se pode dialogar com quem nos enxovalha diariamente e não dialoga. Ao silêncio, responde-se com o silêncio.
Depois das manifestações de rua é necessário que se aumente a mobilização, lutando na escola, radicalizando posições, sem medos.
Não me importo de perder dinheiro, mas recuso perder a dignidade.
1 comentário:
Eu não vou porque estou fora. Se pudesse ia, quero lutar pela minha situação.
Acho que vai ser um fiasco, a maioria das pessoas não vai.
A ver vamos!
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