A vida vai sendo construída passo a passo. O nosso passado está repleto de acções e vivências com as quais temos de lidar no nosso dia-a-dia. Vivemos coisas boas ou más, mas sempre da nossa responsabilidade e das interacções que estabelecemos com os outros: os que amamos, os que desprezamos ou os que nos são indiferentes. Muitas vezes esta relação estabelece-se também com nós próprios, o que nos pode levar ao egocentrismo ou à vitimização.
O passado tem o peso que tem no nosso presente, mas não é o passado que podemos transformar. O passado apenas serve de reflexão para permitir que nos tornemos pessoas melhores. Infelizmente, devido a um certo facilitismo, consciente ou inconsciente, nem sempre aquele nos ajuda nessa reflexão. Desta forma o vivido fica mascarado e a evolução do individuo perde-se. Para que essa reflexão se dê é necessário viver situações limite que nos abalem ao ponto de nos obrigar a fazer uma auto-crítica séria e, a partir daí, construir uma nova realidade.
Não nego que o acaso tenha um papel relevante na construção do futuro, mas os principais agentes da construção da realidade somos nós próprios. Construamos pois um futuro sem certezas nem verdades absolutas, mas baseado na dialética e no amor.
Estamos sempre a tempo de mudar a nossa realidade.
5 comentários:
Caro Mário
Em comentário curto, de imediato elevo os meus agradecimentos aos deuses, do acaso talvez, por as tuas capacidades intelectuais terem saído incólumes do grave acidente e assim podermos, todos nós, continuar a usufruir das tuas aturadas reflexões que reli atentamente já que delas emanam muito ensinamento.
Adorei e memorizei, amigo Mário.
Finalizo enviando aquele abraço sentido e forte, "torcendo" por uma rápida e bem sucedida recuperação e que em prol da felicidade o teu desejo de "Estamos sempre a tempo de mudar a nossa realidade", "construindo um futuro baseado na dialética e no amor" seja bem real.
Teu amigo
Neves, AJ
"Encruzilhadas" que palavra tão sucinta e ao mesmo tempo tão basta e rica. Uma encruzilhada pode ser um caminho sem regresso, mas tambem pode ser um cruzamento de muitos caminhos que se abrem para nós, para que possamos optar por um deles, sem saber qual deles o menos espinhoso, optamos. Dependendo das diversas fases da vida vamos denominando de diversas formas, mas todas elas implicam mudanças, normalmente drásticas, dolorosas e espiritualmente profundas. Depois de tudo o que passaste e continuas a passar parece-te que a tua encruzilhada não tem fim e/ou escolha, mas ainda cedo para pensares nisso. E eu estarei sempre aqui para vigiar os teus passos, as escolhas dos teus caminhos e se quisseres e se me deixares para te guiar.....Obrigado por finalmente te mostrares, por tentarmos quebrar o fosso que existiu entre nós durante mais de 20 anos, e podermos voltar a vermos como pai e filha.
Não poderia finalizar sem te dizer que te amo, que tive medo de te perder sem te ter conhecido, e admitir que não te quero perder sem te conhecer e sem tu me conheceres, esta descoberta mutua é a nossa encruzilhada "privada".
AMO-TE.
"Ser solidário assim para além da vida / Por dentro da distância percorrida / Fazer de cada perda uma raiz / E improvavelmente ser feliz."
Em 23/10/96, disse-te: (...) eu fui, e continuarei a ser, alguém que te quer bem (...)
Sabes que continuo a querer o melhor do mundo para ti.
Desculpa,mas não faço a mínima ideia sw quem sejas. Não relaciono com nada nem ninguém a data que referes, apenas percebo que és alguém que me conhece bem, mas não consigo ir mais longe. Se quiseres manda-me um mail para que eu possa entender o que queres dizer e qual a relação daquela data.
uanto às palavras do Zé Mário Branco percebo-as na perfeição e vou deitar para trás das costas as minhas fragilidades e fazer de cada perda uma raiz.
Tenho a certeza que sabes quem sou, embora não tivesse querido ocultá-lo.
Só quis que soubesses que compreendo pelo que estás a passar e que podes contar com o meu ombro amigo.
As raízes são o que nos prende à vida. As raízes das perdas e raízes das conquistas. E eu sei que tens muito que conquistar, dentro e fora de ti.
Fernando Pessoa disse: "Sinto-me nascido a cada momento para a eterna novidade do mundo."
É assim que quero ver-te!
Elisabete
Enviar um comentário